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Enterro de neonazista em túmulo judeu causa revolta na Alemanha

Negacionista do Holocausto foi colocado em jazigo que pertenceu a professor de música de família judaica

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BBC News Brasil

Os restos mortais do professor de origem judaica Max Friedlaender já haviam sido transferidos para outro local em 1980, mas a lápide ainda o homenageia em cemitério localizado nos arredores de Berlim.

No entanto, o corpo de Henry Hafenmayer, um negacionista do Holocausto —massacre de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra–, foi enterrado no local na sexta (8), depois de aprovada a reutilização do túmulo. O bispo Christian Stäblein, que foi ao local na terça, classificou o ocorrido como "erro terrível".

O bispo Christian Stäblein classificou o ocorrido como 'um erro terrível' - EKBO

O túmulo fica num dos maiores cemitérios protestantes da Alemanha, em Stahnsdorf, a 24 km de Berlim. O professor Friedlaender, que morreu em 1934, era de família judaica, mas membro da Igreja Protestante.

Ele era um cantor baixo (tom grave e raro da voz masculina) e musicólogo especialista em Franz Schubert.

A imprensa alemã relata que Hafenmayer, o homem agora enterrado no jazigo em Stahnsdorf, era um negacionista do Holocausto e um blogueiro ligado a grupos neonazistas. De acordo com a RechercheNetzwerk.Berlin, organização que faz campanha contra o antissemitismo, Hafenmayer publicou propaganda antissemita em seu blog, chamado "Fim da Mentira", e glorificou o nazismo.

Apoiadores neonazistas colocaram coroas de flores sobre o túmulo, com mensagens nacionalistas e fitas adornadas com o símbolo da cruz de ferro da era nazista. Eles também dispuseram um retrato de Hafenmayer em frente à lápide coberta do professor Friedlaender.

O memorial foi coberto pelos funcionários do cemitério, prática comum quando um túmulo é reutilizado, informou a igreja. Entre os enlutados pela morte de Hafenmayer estava Horst Mahler, um neonazista que passou anos na prisão por incitação ao ódio racial, de acordo com a imprensa alemã.

'Acontecimento chocante'

Em seu pedido de desculpas, o bispo Stäblein disse que o enterro foi "um erro terrível e um acontecimento chocante, em vista de nossa história". O bispo, que dirige a igreja naquela região da Alemanha, afirmou ainda que irá avaliar se é possível desfazer o ocorrido e de que maneira.

A igreja diz que o representante de Hafenmayer havia originalmente solicitado um jazigo mais central, o que foi recusado pelas autoridades do cemitério, pois havia muitos túmulos judeus naquela área.

A seleção do antigo lote do professor Friedlaender parece não ter sido rejeitada porque os registros do cemitério o cadastraram como protestante.

Policiais e oficiais do departamento de proteção do Estado estiveram presentes no funeral, disse a igreja, e as autoridades do cemitério estavam cientes das ligações neonazistas do morto.

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha afirma ter ficado chocado com o que aconteceu. Josef Schuster diz que é insuportável que extremistas de direita assombrem o túmulo do professor Friedlaender e, ao fazer isso, profanem sua memória.

A própria Igreja Protestante aprovou que Hafenmayer recebesse um terreno (embora não este específico), apesar de suas conexões neonazistas, diante do princípio de que todos têm direito a um lugar de descanso final. Não havia, no entanto, pastores protestantes na cerimônia.

Túmulos judeus e memoriais do Holocausto foram vandalizados anteriormente por neonazistas na Alemanha e em outras partes da Europa.

O oficial berlinense encarregado do combate ao antissemitismo, Samuel Salzborn, abriu uma ação judicial contra os enlutados por supostamente perturbarem a paz dos mortos e por incitação ao ódio racial.

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