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Investigação sugere omissão de dalai-lama em casos de corrupção e assédio

Jornalistas colheram depoimentos de 32 discípulos que teriam sido abusados

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RFI

Um livro publicado nesta quarta-feira (14) na França denuncia a existência de uma "lei do silêncio" sobre abusos dentro da religião budista tibetana —incluindo violência sexual, privações e corrupção financeira— e culpa a omissão e a inação do dalai-lama e do monge francês Matthieu Ricard, principal tradutor do líder tibetano no país.

O canal de TV franco-alemão Arte exibiu na noite de terça (13) um documentário dedicado ao tema, que pode abalar as estruturas do budismo.

Em "Budismo, a Lei do Silêncio", os jornalistas Élodie Emery e Wandrille Lanos investigaram alguns dos centros budistas tibetanos que se espalharam pelo Ocidente nos últimos 40 anos e recolheram os depoimentos de 32 discípulos "que sofreram abuso, visando a 13 mestres budistas", em vários países, levando à conclusão de que houve graves abusos na prática de certos professores ou lamas.

Líder espiritual tibetano, dalai-lama, em evento em Leh, na Índia - Mohd Arhaan Archer -28.jul.22/AFP

O livro denuncia casos de crianças que foram retiradas de seus pais e, em seguida, vítimas de violência. Ou ainda meninas forçadas a se tornar "dakinis" (parceiras sexuais) de um mestre.

Algumas dessas ocorrências já haviam sido denunciadas. É o caso do mestre Sogyal Rinpoché, morto em 2019, que havia fundado a Rigpa, uma rede de 130 centros espirituais. Acusado por oito ex-discípulos de agressões sexuais, ele chegou a ser alvo de uma punição simbólica do dalai-lama em 2017 e foi forçado a anunciar sua aposentadoria.

Para os autores, que também assinam um documentário com o mesmo nome (disponível para o público europeu na plataforma do canal Arte até 11 de novembro), não se trata de "uma deriva sectária isolada", mas "um sistema que corrompe todo o budismo tibetano".

A causa, de acordo com eles, é a omissão e a inação das principais lideranças do budismo tibetano. "Até agora, as autoridades espirituais tibetanas têm ignorado as vozes das vítimas, alegando repetidamente que o assunto não é de sua responsabilidade. Tentativas de dentro para abordar a questão do abuso sexual nas comunidades foram enfrentadas com frieza ou hostilidade direta", escrevem os jornalistas.

Os autores sublinham ainda os "40 anos de silêncio" do dalai-lama, que já havia sido alertado em 1993 do "comportamento abusivo dos mestres" sobre os discípulos, durante um encontro em Dharamsala com mestres europeus e americanos.

Omissão

Os jornalistas também se perguntam porque o monge budista Matthieu Ricard, intérprete e tradutor francês do dalai-lama, conhecido por seus livros sobre desenvolvimento pessoal, praticamente não reagiu na última década.

Entrevistado nesta quarta (14) pela rádio francesa France Inter, Ricard, que pediu que suas entrevistas fossem retiradas do documentário televisivo, disse que era exagerado dizer que ele não tinha dito nada.

É "salutar, como faz o documentário, denunciar [os] desvios", acrescentou. Reconhecendo que havia alcançado certa notoriedade na França por causa de seus livros sobre o budismo, ele admitiu: "Eu falei sobre isso [as denúncias], mas provavelmente não alto o suficiente".

De modo mais geral, Ricard disse que o budismo carecia de uma estrutura institucional. "Há centenas, se não milhares, de centros budistas no mundo. Não há uma autoridade central. Todos estes centros são totalmente independentes", afirmou.

Com AFP

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