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Rússia usa estupros como estratégia militar na Guerra da Ucrânia, diz ONU

Representante afirma que casos denunciados, com vítimas entre 4 e 82 anos, são apenas 'ponta de iceberg'

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RFI

Os estupros e as agressões sexuais atribuídas às forças russas na Ucrânia constituem "uma estratégia militar" e uma "tática deliberada para desumanizar as vítimas", afirmou a representante especial da ONU sobre violência sexual em conflitos, Pramila Patten.

"Todos os indícios estão lá", disse Patten em uma entrevista à agência de notícias AFP em Paris, onde assinou na última quinta-feira (13) um acordo com a ONG Bibliotecas Sem Fronteiras para apoiar as vítimas de agressões sexuais durante conflitos.

Ativistas protestam perto do Consulado-Geral da Rússia em Nova York, nos EUA, contra a invasão da Ucrânia e a cultura do estupro - Kena Betancur - 28.mai.22/AFP

"Quando mulheres e meninas são sequestradas durante dias e estupradas, quando se começa a violentar meninos e homens, quando vemos uma série de casos de mutilações de órgãos genitais, quando se ouve depoimentos de mulheres que falam de soldados russos que usam Viagra, trata-se claramente de uma estratégia militar", afirmou.

"E quando as vítimas falam sobre o que foi dito durante os estupros, está claro que é uma tática deliberada para desumanizá-las", acrescenta a advogada anglo-mauriciana de 64 anos, representante especial da ONU desde 2017.

Patten destaca que os primeiros casos foram relatados três dias após o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Desde então, a ONU verificou mais de cem ocorrências.

Mas os casos denunciados "são apenas a ponta do iceberg", afirma. "É muito complicado ter estatísticas confiáveis durante um conflito ativo. Os números nunca refletirão a realidade, porque a violência sexual é um crime silencioso, o menos denunciado e o menos condenado."

Isso acontece, diz ela, pelo medo de represálias e de estigmatização das vítimas, que são principalmente mulheres e meninas.

Vítimas de violência sexual com idades entre 4 a 82 anos

Relatório divulgado no fim de setembro por uma comissão de investigação internacional independente criada a pedido das Nações Unidas confirmou crimes de guerra cometidos pelas forças russas.

"De acordo com os depoimentos, a idade das vítimas de violência sexual vai dos 4 aos 82 anos. Há muitos casos de violência sexual contra crianças, que são estupradas, torturadas e sequestradas", afirma Patten. "Minha luta contra a violência sexual é um verdadeiro combate contra a impunidade."

Patten disse que sua visita à Ucrânia em maio pretendia "enviar um sinal forte às vítimas, afirmar que estávamos ao lado delas e pedir que quebrassem o silêncio". Mas ela também espera ter enviado um recado aos estupradores: "O mundo está observando [vocês], e violentar uma mulher ou uma menina, um homem ou um menino, terá consequências".

O estupro como arma de guerra sempre existiu em conflitos, da Bósnia à República Democrática do Congo. Mas Patten considera que a Guerra da Ucrânia representa uma tomada de consciência internacional sobre esse crime. "Agora, existe uma vontade política de combater a impunidade e um consenso de que o estupro é usado como tática militar, uma tática de terror."

"É porque acontece no coração da Europa? Talvez a resposta esteja aí", acrescenta a representante da ONU, com a esperança de que a Ucrânia não ofusque os demais conflitos. "Considero muito positivo o interesse na questão da violência sexual vinculada aos conflitos, que sempre foi considerada inevitável, como um dano colateral, uma questão cultural. Mas isso é um crime."

Outra preocupação para a advogada é o risco de tráfico de pessoas. "Mulheres, meninas e crianças que fugiram da Ucrânia são muito vulneráveis, e, para os predadores, o que está acontecendo nesse país não é uma tragédia, e sim uma oportunidade. O tráfico de pessoas é um crime invisível, mas é uma grande crise."

Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, mais de 7,6 milhões de ucranianos procuraram refúgio em outros países da Europa.

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