Lula venceu na Europa, e Bolsonaro, na América do Sul; veja a votação no exterior
Petista foi o preferido em 58 países e reverteu resultado fora do Brasil após vitória folgada do atual presidente em 2018
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a disputa do segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL) na maioria dos países com brasileiros aptos a votar no exterior.
O petista obteve 51,28% dos votos computados fora do Brasil, contra 48,72% do atual presidente e candidato derrotado à reeleição.
A margem de 2,6 pontos percentuais supera a diferença observada no resultado geral desta que foi a eleição presidencial mais apertada da história (50,90% a 49,10%).
Lula foi o mais votado em 58 países e perdeu para Bolsonaro em outros 40. No pleito anterior, o então candidato do PSL havia superado Fernando Haddad (PT) em 71 territórios e perdido somente em 26 —a lista de locais mudou entre as duas edições, com a saída da Ucrânia e a inclusão da Bulgária e do Bahrein.
A vantagem folgada obtida por Bolsonaro no exterior há quatro anos, de 71,02% contra 28,98% dos votos válidos, superava em muito a diferença no balanço total da disputa contra Haddad (55,13% a 44,87%).
Após o anúncio do resultado deste ano, líderes em todo o mundo reconheceram a vitória de Lula, incluindo governantes de países alinhados a Bolsonaro, como a presidente da Hungria, Katalin Novak, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
Na campanha, Lula repetiu que o Brasil passou a ser mal visto no cenário internacional durante o governo Bolsonaro. "O que mais escuto é que o mundo sente saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual. O Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária", disse após a vitória.
Com todas as urnas apuradas, Lula obteve 152.905 votos no exterior, e Bolsonaro, 145.264. No pleito anterior, o atual presidente recebera o apoio de 131.671 eleitores fora do Brasil, contra 53.730 de Haddad.
O PT conseguiu a virada em 31 países, e Bolsonaro não reverteu o resultado em nenhum dos locais onde havia sido superado por Haddad. As reviravoltas mais importantes aconteceram em Portugal e no Canadá.
No país europeu, o PT tinha perdido há quatro anos por uma diferença de 3.816 votos (vitória de Bolsonaro por 8.190 a 4.374). Agora, terminou com vantagem de 10.175 eleitores (23.256 a 13.081). Esta foi a maior margem absoluta em favor do presidente eleito na disputa deste ano.
Proporcionalmente, a sigla saltou de 34,81% dos votos válidos com o ex-prefeito de São Paulo para 64% com Lula entre os brasileiros vivendo em Portugal.
No Canadá, o apoio ao PT subiu de 36,44% no pleito anterior para 61,61% neste ano. O partido havia sido derrotado por 3.139 votos (7.358 a 4.219), e agora obteve 4.968 a mais do que Bolsonaro (13.181 a 8.213).
Em termos continentais, a maior vantagem do petista no exterior foi conquistada na Europa, região com o maior número de eleitores cadastrados. Lula venceu em 25 de 26 países, à exceção da Grécia.
O presidente eleito recebeu ao todo 90.351 votos no Velho Continente, ante 44.035 para Bolsonaro. Isso equivale a 67,23% das preferências entre os brasileiros que vivem por lá.
Já o melhor desempenho de Bolsonaro foi na Ásia. O atual presidente obteve o apoio de 31.108 eleitores, e Lula, de 10.017. O saldo representa 75,64% dos votos válidos no continente para o candidato do PL.
A maior diferença a favor de Bolsonaro foi registrada no Japão, segundo país com mais brasileiros habilitados a votar no exterior, atrás dos Estados Unidos. O candidato à reeleição superou o desafiante em 22.228 votos (27.640 a 5.412) e venceu com 83,63% no país asiático.
Bolsonaro também triunfou nos EUA, maior colégio eleitoral fora do território nacional, com 65,39% dos votos. Foram 20.996 eleitores a mais a favor do atual presidente (44.596 a 23.600).
Lula terminou à frente nos outros colégios com mais de 20 mil brasileiros aptos a participar da votação. Além do já citado Canadá, ele venceu com 82,94% das preferências na França, 76,89% na Alemanha, 64,62% na Espanha, 60,15% no Reino Unido, 55,37% na Itália e 52,22% na Suíça.
Já na América do Sul, com colégios menores, Bolsonaro foi o vencedor em oito países (Venezuela, Guiana, Paraguai, Bolívia, Suriname, Equador, Peru e Chile) e no território ultramarino da Guiana Francesa, e saiu derrotado em três (Argentina, Colômbia e Uruguai). O resultado total ficou em 57,52% a 42,48% para o candidato do PL.
O número de eleitores cadastrados para votar fora do Brasil saltou de 499 mil para 694 mil em relação ao segundo turno de 2018, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Historicamente maior do que no território nacional, a taxa de abstenção caiu de 59,8% para 55,4% entre as duas edições.
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