Naufrágios matam ao menos 29 migrantes na Tunísia, e crescem acidentes do tipo
Refugiados da África Subsaariana tentam chegar à Itália pelo Mediterrâneo após ofensiva do governo tunisiano
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Ao menos 29 migrantes de países da África Subsaariana morreram quando dois barcos afundaram próximo à Tunísia enquanto eles tentavam cruzar o Mediterrâneo para chegar à Itália, informou neste domingo (26) um oficial de segurança tunisiano.
O episódio reflete a intensificação da crise migratória na região. Nos últimos quatro dias, cinco barcos de migrantes afundaram perto das costas de Sfax e Mádia, na Tunísia, deixando 67 desaparecidos e outros nove mortos, após um aumento significativo de embarcações.
A guarda costeira informou ter parado cerca de 80 barcos com destino à Itália no período e detido mais de 3.000 migrantes, a maioria de países da África Subsaariana. A costa perto de Sfax tornou-se um importante ponto de partida para pessoas que fogem da pobreza e dos conflitos na África e no Oriente Médio na esperança de uma vida melhor na Europa.
O último desastre ocorre em meio a uma campanha de prisões, levada a cabo pelas autoridades tunisianas, de pessoas oriundas da África Subsaariana sem documentos.
O presidente da Tunísia, Kais Saied, lançou um discurso contra a imigração ilegal, acusando os migrantes de serem responsáveis por violência e crimes e de quererem alterar a demografia do país de maioria muçulmana, localizado ao norte da África e com uma população de 12 milhões de habitantes.
"O objetivo não declarado das sucessivas ondas de imigração ilegal é considerar a Tunísia um país puramente africano, sem filiação às nações árabes e islâmicas", afirmou Saied, que foi acusado de racismo por ONGs e membros da oposição.
Desde então, boa parte dos 21 mil cidadãos de nações da África Subsaariana registrados oficialmente na Tunísia, muitos de forma irregular, perderam seus empregos e suas casas e passaram a relatar medo de sofrerem violências físicas e verbais na rua.
O governo da Tunísia defendeu o presidente, argumentando que seu discurso era dirigido aos que vieram ao país sem permissão e não aos que estão no país legalmente.
Segundo dados da ONU, pelo menos 12 mil migrantes que chegaram à Itália este ano partiram da Tunísia, em comparação com 1.300 no mesmo período de 2022. Antes, a Líbia era o principal ponto de partida.
De acordo com estatísticas do Fórum de Direitos Sociais e Econômicos, a guarda costeira da Tunísia impediu que mais de 14 mil migrantes embarcassem durante os primeiros três meses deste ano, em comparação com 2.900 durante o mesmo período do ano passado.
A guarda costeira italiana disse na última quinta-feira (26) que resgatou cerca de 750 imigrantes em duas operações na costa sul da Itália.
A Europa corre o risco de ver uma enorme onda de migrantes vindos do norte da África chegar às suas costas se a estabilidade financeira na Tunísia não for estabilizada, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, na sexta-feira (23). Meloni pediu ao FMI e a alguns países que ajudem a Tunísia rapidamente para evitar seu colapso.
Desde 2014, mais de 26 mil migrantes morreram ao tentar cruzar o Mediterrâneo com destino à Europa, segundo dados da OIM, a agência da ONU para migrações. O mar Mediterrâneo é onde a migração irregular para a Europa é mais visível, com milhares de pessoas sem documentos tentando a travessia todos os anos.
No ano passado, houve 1.417 mortes na rota do Norte da África para a Europa por essa região. Das mais de 160 mil pessoas que tentaram a travessia, 105 mil migrantes sem documento chegaram ao seu destino.
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