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Brasil resistirá a uso de declaração final do G7 para atacar Rússia

Cúpula deve ter dois documentos; governo Lula quer comunicado centrado em segurança alimentar

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Brasília

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resistirá a esforços para que uma das declarações finais da cúpula do G7, que reúne importantes economias do mundo, seja usada para condenar a Rússia devido à Guerra da Ucrânia. A posição brasileira é que o foco do comunicado seja segurança alimentar.

O Brasil deve assinar o texto que será negociado entre membros do G7 e países e instituições convidados para a reunião, a ser realizada entre os dias 19 e 21 deste mês, em Hiroshima, no Japão.

Já o outro documento final da cúpula será elaborado exclusivamente pelas nações que integram o bloco —Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido—, e a expectativa é a de que o texto seja extremamente duro com a Rússia, seguindo a posição já conhecida das potências ocidentais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta apoiadores na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 10.mai.23/Reuters

Lula embarca na próxima quarta-feira (17) para participar do encontro, convidado pelo primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, com quem terá uma reunião bilateral. O petista também se encontrará com o premiê da Índia, Narendra Modi, e o presidente da Indonésia, Joko Widodo.

Além do Brasil, foram convidados Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Vietnã, além de representantes da ONU, do FMI (Fundo Monetário Internacional), da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), da AIE (Agência Internacional de Energia), da OMS (Organização Mundial de Saúde), da OMC (Organização Mundial do Comércio) e da União Europeia.

O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores afirmou nesta segunda-feira (15), em entrevista a jornalistas para tratar da viagem de Lula ao Japão, que o governo brasileiro quer que a Guerra da Ucrânia seja mencionada apenas devido às suas consequências na segurança alimentar. Ele ressaltou que deve haver uma diferença notável entre o documento produzido pelas nações que integram o G7 e o comunicado feito com a participação dos países convidados.

"Como há efeitos sobre o acesso a alimentos, uma referência inicial deverá ser feita ao conflito na Ucrânia. E o governo negocia essa linguagem, para que seja compatível com a que tem sido usada em relação ao tema e com o que o Brasil tem defendido em diversas instâncias, como na ONU", disse o diplomata.

"Como o conflito na Ucrânia também gerou um efeito na segurança alimentar, uma referência é inevitável nesse aspecto. Recorde-se que há outros países que não fazem parte do G7 e têm posições sobre a questão da Ucrânia que não são exatamente coincidentes com a dos países do G7. É um processo de negociação normal que tem por objetivo atender aos interesses e às visões de todas as partes."

Segundo as prioridades do encontro, divulgadas pelo governo japonês, haverá discussão sobre a Guerra da Ucrânia, a situação da inflação nas principais economias no mundo e o combate às vulnerabilidades dos países de baixa renda, devido à crise da dívida —causada em grande parte pela elevação dos juros.

Também será discutida a crise climática e a transição energética, além da ajuda internacional para a obtenção de equilíbrio energético. Além dos eventos da cúpula e das reuniões bilaterais já confirmadas, Lula vai participar da visita dos chefes de Estado e de governo que participam do encontro a um memorial para as vítimas do ataque nuclear a Hiroshima, promovido pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.

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