Siga a folha

Descrição de chapéu Governo Biden China

Biden chama Xi de ditador um dia após reaproximação entre EUA e China

Democrata volta a falar sobre caso dos supostos balões de espionagem chineses; Pequim e Moscou reagem

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Pouco após a reaproximação tática selada de maneira tímida entre EUA e China, o presidente americano, Joe Biden, referiu-se ao líder do regime chinês, Xi Jinping, como um ditador. Pequim reagiu à declaração, chamando-a de "ridícula" e de "provocação política".

Durante evento na Califórnia nesta terça (20), o democrata voltou a falar sobre o episódio envolvendo os supostos balões de espionagem chineses abatidos por Washington em fevereiro: "A razão pela qual Xi ficou tão chateado é porque ele não sabia que o balão estava ali".

O presidente dos EUA, Jor Biden, discursa na Califórnia - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Ao que emendou: "Isso é um grande imbróglio para os ditadores, quando eles não sabem o que aconteceu. Isso [o balão] não deveria estar indo naquele caminho, ele foi desviado do curso".

O episódio envolvendo os balões de alta altitude, que Pequim alegou serem instrumentos de pesquisa meteorológica, jogou um balde de água fria nas relações entre as duas potências que travam a chamada Guerra Fria 2.0, cada vez mais intensificada.

O caso foi responsável por adiar a visita do chefe da diplomacia americana a Pequim, que finalmente ocorreu nesta semana quando, no domingo (18), Antony Blinken esteve com o chanceler chinês, Qin Gang, e depois com o próprio Xi Jinping, na segunda-feira (19).

Como mostrou a rede estatal CCTV, Xi falou a Blinken que "os dois lados fizeram progressos e chegaram a acordos sobre algumas questões específicas", o que "é muito bom". "Espero que por meio desta visita, senhor secretário, você faça mais contribuições positivas para estabilizar as relações China-EUA."

Biden havia dito no início desta semana que as relações Pequim-Washington estavam no caminho certo. Nesta quinta-feira (22), o democrata também deve se encontrar na Casa Branca com o premiê da Índia, Narendra Modi, e um de seus objetivos é se aproximar de Nova Déli como aliada anti-China.

A declaração de Biden na Califórnia, durante evento de arrecadação para a campanha democrata, porém, voltou a aumentar o tom das críticas entre Washington e Pequim. Mao Ning, porta-voz da chancelaria chinesa, descreveu a fala como uma provocação. "O comentário é realmente ridículo, muito irresponsável e não reflete a realidade."

A Rússia, aliada da China, também se manifestou. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse nesta quarta-feira (21) que a declaração reflete a política externa "inconsistente e errática" de Washington.

"Esta é uma manifestação muito contraditória da política externa dos EUA", disse Peskov, em referência ao encontro de Blinken com Xi, no início da semana, para reaproximar as superpotências. "No entanto, isso é problema deles. Temos nossas próprias más relações com os EUA e relações muito boas com a China."

Xi e Putin estiveram juntos em Pequim antes da Guerra da Ucrânia e celebraram uma "amizade sem limites". Desde o início do conflito no Leste Europeu, com a imposição de sanções ocidentais, Moscou tornou-se ainda mais dependente da China. O regime chinês, por sua vez, não condenou a invasão russa e aumentou as compras de petróleo e carvão do país aliado.

Afastada do Ocidente, a Rússia tenta se aproximar de países da Ásia, da África, do Oriente Médio e da América Latina para combater o que retrata como tentativas dos EUA de ditar a ordem mundial.

Em março de 2021, Moscou convocou seu embaixador de Washington —um gesto de reprimenda diplomática— depois que Biden chamou Putin de assassino em uma entrevista na televisão.

Já o presidente dos EUA reforçou o apoio à ilha de Taiwan —vista pela China como uma província rebelde e parte inalienável de seu território—, robusteceu a aliança Quad com os rivais de Pequim no Indo-Pacífico, firmou um pacto militar com a Austrália e reforçou a retórica nuclear na península coreana desde o início da Guerra da Ucrânia.

Analistas dizem que a escalada retórica contra Pequim nos EUA deve aumentar nos próximos meses, com a campanha pela Casa Branca nas eleições de 2024, pleito no qual Biden tentará reeleição em chapa novamente com sua vice, Kamala Harris.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas