Descrição de chapéu China Governo Biden

Chefes da diplomacia de China e EUA têm conversa 'franca' de quase 6 horas

Encontro em Pequim enfatizou Taiwan como maior ponto de interesse dos chineses; ainda não está prevista reunião com Xi

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Taipé

O ministro do exterior da China, Qin Gang, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, passaram quase seis horas em reunião em Pequim, a partir das 14h30 deste domingo (18), estendendo-se por um jantar de trabalho na Casa de Hóspedes Diaoyutai, tradicional complexo diplomático da capital.

Ao final, tanto a mídia estatal chinesa como o Departamento de Estado americano descreveram as conversas como "francas e construtivas". Foi acertada uma "visita recíproca" de Qin a Washington, a acontecer em momento que seja "mutuamente adequado".

Qin teria apontado que "Taiwan é o cerne dos interesses da China, a questão mais consequente e o risco mais pronunciado na relação China-EUA", enquanto a autoridade americana teria enfatizado "a importância de manter canais abertos de comunicação para reduzir o risco de erros de percepção".

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, (esq.), com o ministro chinês do exterior, Qin Gang, antes de iniciarem reunião na Casa de Hóspedes Diaoyutai, em Pequim
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, (esq.), com o ministro chinês do exterior, Qin Gang, antes de iniciarem reunião na Casa de Hóspedes Diaoyutai, em Pequim - Leah Millis/Pool/AFP

Blinken desembarcou na manhã de domingo em Pequim para a primeira visita de um secretário de Estado dos EUA em cinco anos —é, também, o membro mais sênior da Casa Branca a ir à China desde a posse de Joe Biden, em janeiro de 2021. Em meio a uma crise diplomática e militar entre as maiores economias do mundo, o objetivo expresso de ambos os lados era reativar as comunicações e reduzir o risco de conflito.

O encontro foi precedido por declarações duras de Qin em telefonema com Blinken. "Desde o início do ano, as relações sino-americanas enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro quem é o responsável", disse ele, segundo nota da chancelaria chinesa, cobrando dos EUA que "parem de interferir em assuntos internos da China", em outra referência a Taiwan, ilha que Pequim considera uma província rebelde.

De sua parte, ao embarcar em Washington, Blinken havia declarado: "Estamos trabalhando para, nesta viagem, estabelecer linhas de comunicação regulares e sustentadas, em níveis elevados, para nos certificar de que estamos nos comunicando da forma mais clara possível para evitar mal-entendidos".

Já madrugada em Pequim, ainda não havia confirmação do encontro mais aguardado, de Blinken com o líder Xi Jinping. No sábado, o próprio presidente Joe Biden disse esperar "que nos próximos meses eu me encontre com Xi e fale sobre as diferenças legítimas que temos e também sobre como nos darmos bem".

Na sexta, Xi se reuniu publicamente na capital chinesa com o cofundador da Microsoft, Bill Gates, quando declarou "depositar esperança no povo americano" para seus países manterem a amizade. "Você é o primeiro amigo americano que encontrei em Pequim neste ano", afirmou o líder chinês.

A visita do secretário de Estado, considerado linha-dura contra a China, é vista como concessão de Pequim para receber depois as secretárias do Comércio, Gina Raimondo, e do Tesouro, Janet Yellen, que se mostra mais favorável aos interesses chineses, contra a dissociação econômica dos dois países.

Xi vem alertando para o que chamou há duas semanas de "os cenários mais extremos", dizendo não ter "ilusões" com os EUA e cobrando de militares preparativos de fronteira. Na última semana, repetiu a imagem, "circunstâncias extremas", ao orientar dirigentes empresariais a priorizar o mercado interno.

De sua parte, a caminho de Pequim no sábado, Blinken telefonou aos chanceleres do Japão e da Coreia do Sul para "reafirmar o compromisso de ferro dos EUA com a defesa" dos dois países e também de "administrar com responsabilidade o relacionamento EUA-China".

Prevista inicialmente para fevereiro, a visita do secretário foi suspensa por Washington em meio à crise de um balão chinês, supostamente espião, que acabou sendo derrubado em território americano. Nos últimos meses, Blinken vinha solicitando o reagendamento da viagem, sem sucesso.

Também vinha sendo solicitado o encontro dos respectivos chefes de Defesa, igualmente negado por Pequim —a relutância chinesa de se engajar em um diálogo regular com Washington entre os setores militares soa especialmente alarmante para os vizinhos do gigante asiático.

Na reunião entre as autoridades que comandam a diplomacia de China e EUA, Qin e Blinken pareceram concordar em poucos pontos —enfatizaram, por exemplo, a importância de facilitar que chineses e americanos possam visitar os países, com a mídia estatal chinesa destacando que um aumento de voos comerciais será discutido, assim como formas de estimular o fluxo de estudantes e empresários.

Ao final, o que sobressaiu foi, sobretudo, a ideia de manutenção do diálogo.

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