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Descrição de chapéu Eleições EUA

Líderes europeus defendem Biden após confusão de nomes na cúpula da Otan

Imprensa do continente, por outro lado, enxerga o presidente americano como frágil e 'no fim da linha'

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Madri, Berlim e Roma | Reuters

Líderes europeus defenderam o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, após confusões de nomes feitas pelo americano durante a cúpula da Otan, em Washington, na quinta-feira (11). A imprensa do continente, por outro lado, interpretou as escorregadas como novas evidências de que o democrata não está apto para derrotar Donald Trump na eleição presidencial de novembro.

Biden, 81, causou espanto no encontro da aliança militar ao apresentar o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, como "presidente Putin". Pouco depois, durante entrevista coletiva organizada há dias para fortalecer a confiança pública na capacidade do democrata, ele trocou o nome de sua vice-presidente, Kamala Harris, pelo de Trump.

O presidente americano, Joe Biden, fala durante cerimônia de encerramento da cúpula da Otan ao lado de Volodimir Zelenski (dir.) e outros líderes europeus - AFP

Biden enfrenta pedidos de democratas e apoiadores para abandonar sua campanha à reeleição particularmente após o debate com o republicano no fim de junho —sua catastrófica performance cristalizou preocupações sobre sua capacidade de vencer o pleito e de lidar com as demandas da Casa Branca por mais quatro anos.

Enquanto os líderes europeus que participaram da cúpula foram diplomáticos em relação a Biden e elogiaram a organização do evento, a imprensa europeia, como o Daily Telegraph, do Reino Unido, afirmou que o presidente americano "parece acabado" na corrida à Casa Branca.

"Escorregões de língua acontecem, e se você monitorar sempre, encontrará o suficiente", disse o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz quando questionado por repórteres sobre Biden confundir Zelenski com Putin.

A declaração foi ecoada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo primeiro-ministro holandês, Dick Schoof.

O recém-eleito primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que ele e Biden foram capazes de abordar várias questões rapidamente durante o primeiro encontro entre os líderes. "Ele estava realmente em boa forma e mentalmente ágil —absolutamente por dentro de todos os detalhes", disse Starmer à BBC.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que Biden parecia bem e que participou de todas as sessões da cúpula, ao contrário de outros líderes. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, foi menos efusiva, mas elogiou a organização de Biden de "uma cúpula muito boa".

Líderes estrangeiros não devem especular quem vencerá a eleição nos EUA, disse uma autoridade europeia, destacando algumas das conquistas de Biden, incluindo a aprovação de um pacote de ajuda à Ucrânia no Congresso sem maioria.

"Nós, como aliados, não vamos especular pelas costas de Biden sobre a perspectiva de Trump vencer", disse a autoridade. "Ninguém pode dizer com certeza que Trump vai ganhar."

Outros políticos europeus foram menos indulgentes. Geert Wilders, cujo partido de ultradireita venceu a última eleição na Holanda, zombou de Biden, publicando nas redes uma foto de Zelenski e Kamala acompanhada do título: "Presidente Putin encontra Vice-Presidente Trump".

Ucranianos questionados pela agência de notícias Reuters foram simpáticos a Biden por sua confusão entre Zelenski e Putin. "Acho que ele estava apenas cansado", disse Ievhen, um especialista em TI de 33 anos em Kiev que se recusou a dar seu sobrenome.

Mas ele também se preocupou que tais confusões "poderiam ter certas consequências para a Ucrânia", se o público dos EUA parasse de confiar em Biden —dadas as preocupações sobre como Trump, se eleito, trataria a Otan e a invasão da Rússia.

A entrevista coletiva após a cúpula da aliança não convenceu a imprensa europeia de que Biden pode reconstruir a confiança em sua capacidade neurológica.

"Esta era a chance de Joe Biden conquistar os céticos. Ele a desperdiçou", dizia a manchete do Times de Londres, enquanto o Il Giornale, da Itália, concluiu que era o "fim da linha para Biden".

O Frankfurter Allgemeine Zeitung, da Alemanha, descreveu a entrevista coletiva final de Biden como uma humilhação. "Para dizer de forma dura: a dignidade do ocupante do cargo foi irreversivelmente manchada", afirmou a publicação.

O jornal britânico The Guardian concordou, descrevendo a entrevista como "dolorosa de assistir" e "política como um esporte sangrento".

O diário suíço Neue Zuercher Zeitung concluiu que a única chance dos democratas de derrotar o republicano em novembro é com a saída de Biden da corrida. "Um velho homem flexionando seus músculos políticos e levantando sua voz frágil não parece poderoso. Este presidente não está apto para um segundo mandato", escreveu o jornal de Zurique.

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