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Líder do Hamas foi morto por bomba plantada há meses em casa de Teerã

Autoridades da região disseram que atentado foi uma falha 'catastrófica' de segurança em complexo superprotegido

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The New York Times

Um dos principais líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado na quarta-feira (31) por um dispositivo explosivo plantado em uma casa de hóspedes mantida pelo regime em Teerã, capital do Irã, onde ele estava alojado, disseram sete pessoas do Oriente Médio com conhecimento dos assuntos, incluindo dois iranianos, e um americano.

A bomba havia sido escondida na casa há aproximadamente dois meses. O local é administrado e protegido pela Guarda Revolucionária do Irã e faz parte de um complexo conhecido como Neshat, situado em um bairro nobre do norte da capital iraniana.

Haniyeh estava na cidade para a posse do presidente eleito do Irã, Masud Pezeshkian, ocorrida na terça (30). A bomba teria sido detonada remotamente assim que foi confirmado que ele estava dentro de seu quarto na casa de hóspedes. A explosão também matou um guarda-costas.

Vista geral de Teerã com, ao fundo, a ultramoderna torre Milad, a sexta mais alta do mundo para telecomunicações - Folhapress

Haniyeh, que liderava o escritório político do Hamas no Qatar, hospedou-se em Neshat várias vezes ao visitar Teerã.

Líderes iranianos e do Hamas disseram na quarta que Israel era responsável pelo assassinato, uma avaliação compartilhada por vários oficiais dos Estados Unidos que pediram anonimato.

Israel não reconheceu publicamente a responsabilidade pelo assassinato, mas oficiais de inteligência israelenses informaram os americanos e outros governos ocidentais sobre os detalhes da operação imediatamente após o ocorrido, de acordo com as cinco pessoas consultadas pela reportagem.

Na quarta, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, disse que o país não teve conhecimento prévio do plano de assassinato.

Horas após o assassinato, a especulação se concentrou na possibilidade de que Israel tivesse matado Haniyeh com um ataque de míssil, possivelmente disparado de um drone ou avião, método utilizado pelos israelenses em uma ofensiva contra uma base militar em Isfahan, também no Irã, em abril.

Essa teoria do míssil levantou questões sobre como Tel Aviv poderia ter conseguido evadir novamente os sistemas de defesa aérea iranianos para executar um ataque aéreo tão ousado na capital.

Como se constatou, os assassinos conseguiram explorar um tipo diferente de brecha nas defesas do Irã: uma falha na segurança de um complexo supostamente bem guardado que permitiu que uma bomba fosse plantada e permanecesse escondida por muitas semanas antes de ser acionada.

Essa falha, disseram três autoridades iranianas, foi um erro catastrófico de inteligência e segurança e um tremendo constrangimento para a Guarda Revolucionária, que usa o complexo para retiros, reuniões secretas e hospedagem de convidados proeminentes como Haniyeh.

A pergunta sobre como a bomba foi escondida na casa de hóspedes permanece sem respostas. Líderes do Oriente Médio disseram que o planejamento para o assassinato levou meses e exigiu extensa vigilância do complexo. Os dois oficiais iranianos que descreveram a natureza do assassinato disseram não saber como ou quando os explosivos foram plantados no quarto.

Israel decidiu realizar a execução fora do Qatar, onde Haniyeh e outros membros da liderança política do Hamas vivem. O governo de Doha tem mediado as negociações entre Israel e o Hamas sobre um cessar-fogo em Gaza.

A explosão, ocorrida na quarta de madrugada, quebrou janelas e derrubou uma parte da parede do complexo, segundo mostraram fotografias e disseram os oficiais iranianos. Os danos causados pareciam mínimos quando comparados com o potencial de um míssil.

Por volta das 2h da manhã, horário local, o dispositivo explodiu, afirmaram as autoridades do Oriente Médio, incluindo iranianos. Assustados, funcionários do prédio correram para encontrar a origem do barulho, indo parar no quarto onde Haniyeh estava hospedado com um guarda-costas.

O complexo conta com uma equipe médica que se dirigiu para o quarto imediatamente após a explosão. A equipe declarou que o líder do Hamas havia morrido imediatamente. A equipe tentou reanimar o guarda-costas, mas ele também estava morto.

O líder do Jihad Islâmica, Ziyad al-Nakhalah, estava hospedado ao lado, disseram dois dos oficiais iranianos. Seu quarto não foi muito danificado, sugerindo um planejamento preciso da morte de Haniyeh.

Khalil al-Hayya, vice-comandante do Hamas em Gaza que também estava em Teerã, chegou ao local e viu o corpo de seu colega, de acordo com as cinco autoridades do Oriente Médio. Entre as pessoas imediatamente notificadas, disseram os três oficiais iranianos, estava o General Ismail Ghaani, comandante em chefe da Força Quds, o braço da Guarda Revolucionária que atua no exterior e trabalha em colaboração direta com aliados iranianos na região, incluindo o Hamas e o Hezbollah. Ele então notificou o líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, no meio da noite, acordando-o.

Quatro horas após a explosão, a Guarda Revolucionária emitiu um comunicado informando que Haniyeh havia sido morto. Até 7h, Khamenei havia convocado os membros do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã para uma reunião de emergência em seu complexo, na qual emitiu uma ordem para atacar Israel em retaliação, de acordo com os três oficiais iranianos.

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