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Israel promove punição coletiva contra palestinos, diz brasileiro da MSF na Cisjordânia

Porta-voz de ONG afirma que incursão militar em território palestino é reflexo da ofensiva em Gaza

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São Paulo

Em um reflexo da guerra na Faixa de Gaza, Israel vem praticando punição coletiva contra os palestinos na Cisjordânia, diz o brasileiro Gabriel Naumann, gerente da ONG Médicos Sem Fronteiras para assuntos humanitários nos territórios palestinos ocupados.

Naumann conversou com a Folha por chamada de vídeo da cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia. Ele está confinado em uma hospedaria da MSF desde a última quarta-feira (28), quando começou uma das maiores operações do Exército israelense na região em pelo menos duas décadas.

Homem segura bandeira da Palestina enquanto atravessa rua danificada em Jenin, na Cisjordânia - AFP

Além de Jenin, a operação afeta as cidades de Nablus, Tulkarem e Tubas. Ao menos 29 palestinos foram mortos na região desde o início da incursão do Exército israelense, de acordo com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que administra partes da Cisjordânia. Tel Aviv afirma que todos os mortos eram terroristas e que a operação busca desarticular grupos armados em atividade no território.

"Ataques aéreos contra áreas densamente povoadas vêm provocando danos a propriedades de civis e à infraestrutura urbana", afirma Naumann. "Israel claramente está ultrapassando os limites do direito internacional humanitário."

Ele relata que as equipes da MSF tiveram de suspender suas atividades na região pois os hospitais estão cercados, e soldados vêm impedindo o movimento de pacientes e profissionais de saúde. Diz também que os ataques contra ambulâncias e paramédicos têm se intensificado.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, houve ao menos 389 ataques contra hospitais, ambulâncias, profissionais de saúde ou pacientes nos territórios palestinos ocupados desde o começo do ano. A cifra corresponde a 51% dos 757 ataques à saúde registrados globalmente pela entidade no período.

"Nossos voluntários sentem cada vez mais que estão desprotegidos. A gente nunca esperou que os nossos coletes de identificação fossem à prova de bala, mas também não esperava que eles se tornariam um alvo", diz o gerente da MSF.

As autoridades israelenses costumam justificar operações contra hospitais afirmando que eles são utilizados como bases militares por terroristas. Mas, segundo Naumann, não há evidências disso. "Não existe nenhuma observação dos profissionais da MSF, dos hospitais de Gaza ou da Cisjordânia, de que estejam sendo usados para fins militares", afirma.

Enquanto a Faixa de Gaza é administrada pelo Hamas desde 2007, a Cisjordânia não tem presença significativa do grupo terrorista e é parcialmente gerida pela ANP, ligada ao partido secular Fatah.

Incursões das tropas de Tel Aviv a zonas autônomas palestinas na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, eram frequentes desde antes da guerra em Gaza. Mas a invasão desencadeada após os atentados terroristas do Hamas contra o sul de Israel que deixaram pelo menos 1.200 mortos intensificou a violência na Cisjordânia.

Em julho, a Corte Internacional de Justiça determinou que a ocupação de Israel sobre os territórios palestinos viola o direito internacional e que precisa terminar "o mais rápido possível".

Uma contagem da ONU divulgada no último dia 28 indica que ao menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia em decorrência de ações do Exército ou de colonos israelenses desde o 7 de Outubro. Já Tel Aviv calcula ter havido 19 mortes de israelenses no território ao longo do mesmo período.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo terrorista, pelo menos 40.786 palestinos foram mortos, e 94.224 ficaram feridos na ofensiva militar de Israel em Gaza até esta segunda.

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