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Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Ninguém está acima das leis, diz Maduro após ordem de prisão a opositor

Ditador chama Edmundo González de covarde; EUA e outros 9 países da América Latina condenam ameaça de detenção

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São Paulo

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, falou sobre a ordem de prisão contra Edmundo González na noite desta segunda-feira (3), logo após o Ministério Público do país pedir a detenção de seu principal adversário nas eleições presidenciais do final de julho.

"Ninguém neste país está acima das leis e das instituições, como pretende esse senhor escondido, o covarde Edmundo González Urrutia", afirmou o líder do regime durante seu programa semanal na televisão estatal. "O Ministério Público o citou três vezes e ele não compareceu, pois diz que não reconhece o Ministério Público. Em que país isso acontece?"

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, fala a apoiadores durante comício em Caracas - AFP

A ordem de captura era esperada desde a última sexta-feira (30), quando González deixou de comparecer, pela terceira vez, a uma audiência que ocorreria no âmbito de uma investigação sobre a denúncia de fraude no pleito por parte de opositores.

Ainda na segunda, o porta-voz do líder afirmou à agência de notícias Reuters que ele não havia sido notificado de qualquer mandado de prisão.

González não comentou a diretiva —ele não aparece em público desde 30 de julho, quando participou de uma manifestação contra o regime e, desde então, vem limitando sua atuação às redes sociais por temor de represálias.

Compartilhou no X, no entanto, uma publicação da coalizão pela qual concorreu nas eleições, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), sobre o assunto. "O que o país precisa é das atas eleitorais, não de ordens de prisão", dizia a mensagem.

Em outras ocasiões, o líder afirmou que o Ministério Público atuava como um "acusador político" e que seria submetido a um processo "sem garantias de independência ou devido processo legal" caso respeitasse a intimação.

González entrou na corrida contra Maduro como um candidato tampão após a principal líder opositora do país, María Corina Machado, ser inabilitada politicamente, e a primeira opção para substituí-la, Corina Yoris, não conseguir se inscrever.

Atualmente, ele é acusado de desobediência das leis, falsificação de papéis públicos, conspiração, usurpação de funções e sabotagem —crimes que, em teoria, podem resultar na pena máxima de 30 anos de reclusão.

As acusações estão relacionadas à publicação das atas da votação colhidas pela oposição no dia do pleito. Os documentos, disponíveis em um site e revisados por diversas organizações internacionais independentes, indicam que González venceu com mais de 7,3 milhões de votos (67%), contra 3,3 milhões de Maduro (30%).

Embora conteste a veracidade das informações, o regime ainda não divulgou as atas que comprovariam a vitória de Maduro com 52% dos votos.

Países que já vinham criticando a condução do regime na crise política que se instalou no país após a votação voltaram a se pronunciar depois da nova ofensiva contra González.

"Rejeitamos de maneira inequívoca e absoluta a ordem de prisão", afirmaram Costa Rica, Argentina, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai em um comunicado conjunto. "A ordem de apreensão cita vários supostos crimes que não passam de mais uma tentativa de silenciar González e ignorar a vontade popular venezuelana."

Os Estados Unidos, que no início do mês passado reconheceram o líder opositor como legítimo presidente eleito, fizeram coro ao grupo e anunciaram sua união "à crescente lista de aliados internacionais que condenam" a emissão do mandado contra o opositor.

"Em vez de reconhecer a sua derrota eleitoral e preparar-se para uma transição pacífica na Venezuela, Maduro ordenou agora a prisão do líder democrático que o derrotou de forma esmagadora nas urnas", afirmou o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols, na rede social X.

Além deles, o Chile também se manifestou nesta segunda. A chancelaria do país disse que "rejeita energicamente a ordem de detenção" e "qualquer forma de repressão contra opositores ao regime ditatorial na Venezuela".

"O governo do Chile faz um apelo para que sejam respeitados os princípios democráticos, bem como os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todos os venezuelanos", afirmou a pasta. O presidente chileno, Gabriel Boric, é o mais vocal crítico do regime de Maduro entre os líderes de esquerda da região.

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