Siga a folha

Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Sob pressão, Zelenski derruba chanceler e troca ministros

Rússia escala guerra aérea com novo ataque, que matou 7, e avança no leste da Ucrânia

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Pressionado pela escalada da guerra aérea e dos avanços russos no leste da Ucrânia, o presidente Volodimir Zelenski promoveu a maior mudança de seu gabinete desde que seu país foi invadido por Vladimir Putin em 2022.

Caiu nesta quarta (4) a face mais reconhecível de seu governo no exterior, o chanceler Dmitro Kuleba. Na véspera, o ministro responsável pela indústria armamentista e outros quatro nomes do gabinete de Zelenski já haviam sido demitidos.

Prédios residenciais atingidos por ataque com mísseis russos contra Lviv, no oeste da ucrânia - AFP

Com isso, o número de postos sem titulares na equipe de 22 postos chegou a 11, contando demissões que ocorreram ao longo do ano em cargos menos importantes. No ano passado, a outra face da resistência ucraniana, o então ministro da Defesa Oleksii Reznikov, já havia sido demitido.

O Parlamento em Kiev começou a votar o nome de sucessores já nesta quarta. "Nós precisamos de nova energia hoje, e estes passos estão relacionados apenas ao fortalecimento do nosso Estado em diferentes direções", disse Zelenski a repórteres, buscando minimizar o clima de crise.

"O outono [do Hemisfério Norte, que começa no dia 22] será extremamente importante para a Ucrânia. E nossas instituições estatais precisam estar configuradas de forma que a Ucrânia alcance os resultados que precisamos", havia dito na véspera.

No fim do mês, ele levará ao presidente americano, Joe Biden, e aos dois candidatos a sucedê-lo no ano que vem, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, o que chamou de "plano da vitória" na guerra.

Parece algo otimista. Zelenski, cujo mandato como presidente expirou em maio, segue no cargo porque o país está sob lei marcial e legalmente não pode promover eleições, mas sua posição tem sido objeto de diversas críticas.

A principal decorre da sapiência acerca de sua incursão em Kursk, no sul da Rússia, um movimento com tantos possíveis objetivos táticos que sua razão estratégica ficou obscurecida. Por um lado, logrou humilhar Putin, que viu tropas estrangeiras no seu país pela primeira vez desde a invasão nazista de 1941.

Por outro, Zelenski enfraqueceu suas defesas no leste do país, e o ataque não drenou recursos dos russos: ao contrário, o avanço na região de Donetsk ameaça colocar todo o território restante ainda sob controle de Kiev em risco de cair.

Nesta quarta, o Ministério da Defesa russo anunciou a conquista de mais um vilarejo na região. A ideia de forçar Putin a negociar também foi rechaçada pelos russos e, para piorar, a lenta reação de Moscou tem se mostrado mortífera.

Ela veio na escalada da guerra aérea, iniciada na semana passada com o maior ataque com drones e mísseis de todo o conflito, que se estendeu em outras ações. No domingo (1º), o revide ucraniano foi duro, com a mais ampla ação com drones contra alvos na Rússia.

Nesta quarta, a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, disse que a resposta russa a ações em seu território seria "imediata e muito dolorosa". Ela falou no tempo verbal errado: já havia começado na véspera, quando ao menos 51 pessoas morreram em um ataque com mísseis em Poltava (leste).

O governo Zelenski denunciou a ação e pediu novamente armas de longo alcance e permissão para usá-las contra a Rússia aos aliados ocidentais. Sua súplica foi algo obscurecida pelo fato que, desta vez, o alvo de Moscou era militar.

O Instituto de Comunicações de Poltava, atingido na terça (3) treina cadetes e soldados das Forças Armadas de Kiev. Nesta quarta, o Ministério da Defesa russo confirmou que havia mirado "um centro de treinamento militar ucraniano com instrutores estrangeiros".

O sigilo sobre a investigação do episódio amplia a suspeita de que os russos sabiam onde estavam atirando. O mesmo, contudo, não pode ser dito sobre a ação desta quarta, que levou a guerra à distante fronteira polonesa, na terceira principal cidade ucraniana, Lviv.

Lá, um ataque envolvendo um número incerto de mísseis hipersônicos Kinjal atingiu prédios residenciais, matando 7 pessoas, incluindo 3 crianças. No restante do país, a noite foi agitada: Kiev disse ter abatido metade dos 42 mísseis e drones lançados contra seu território.

É uma proporção de abate, algo que de resto não resolve 100% o problema porque há os destroços a cair, menor do que os mais de 80% que os ucranianos costumavam se gabar até a virada do ano. A ampliação da intensidade dos bombardeios está colocando em xeque a habilidade de Kiev de defender-se no ar.

A chegada gradual de caças americanos F-16 doados por europeus não configura panaceia, e um dos aviões já foi perdido em combate, levando como dano colateral o chefe da Força Aérea. A Romênia anunciou nesta semana a doação de uma vital bateria antiaérea Patriot, mas Zelenski fala que seriam necessárias dezenas para proteger de fato o país.

Com isso, a reforma do gabinete do ucraniano vem em um momento crucial do conflito. Ele já havia trocado a chefia das Forças Armadas no começo do ano, e até aqui o grande feito da nova gestão havia sido a audaciosa operação em Kursk, que pode estar se voltando contra o presidente agora.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas