Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia otan

Zelenski pede fim de limitação ao uso de armas à Otan

Ucraniano recebeu promessas de entrada na aliança e de R$ 240 bi, além de sistemas antiaéreos

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São Paulo

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pediu nesta quinta-feira (11) que os aliados ocidentais liberem o uso de armas doadas a Kiev contra alvos dentro do território da Rússia, vizinho que em 2022 começou uma invasão em larga escala.

"Se nós queremos vencer, prevalecer, temos de retirar todas as limitações", disse o ucraniano na cúpula da Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, em Washington.

Homem de calça marrom e blusa escura cumprimenta homem mais alto e mais velho, de óculos, terno escuro e gravata. Ao fundo há dois púlpitos com microfone, o símbolo de uma estrela e a sinalização OTAN/NATO
Zelenski e Stoltenberg se cumprimentam em entrevista coletiva na cúpula da Otan, em Washington - Nathan Howard/Reuters

Mesmo sem tal certeza, a não ser por uma frase solta do novo premiê britânico, Keir Starmer, Zelenski não pode dizer que saiu de mãos abanando. Como ele já sabe que não receberá um convite formal para entrar na Otan até ao menos o conflito com Moscou estar solucionado, o tema foi tratado como uma formalidade.

"O futuro da Ucrânia está na Otan", afirmou o norueguês Jens Stoltenberg em sua última cúpula como secretário-geral da entidade, cargo que assumiu há dez anos e que passará em outubro ao holandês Mark Rutte. Nada de datas ou planos firmes.

O apoio veio, por parte da Otan, com uma promessa de apoio militar conjunto do clube de € 40 bilhões (quase R$ 240 bilhões) em 2025. "[Kiev] teve uma inverno muito difícil. Os atrasos [no envio de armas] impactaram o campo de batalha, e isso não pode acontecer de novo", afirmou.

Não é algo unânime, o que vai contra a filosofia da aliança: russófila, a Hungria de Viktor Orbán conseguiu um acordo prévio para não participar de nenhuma ajuda do tipo. Em troca, o premiê húngaro se comprometeu a não vetar tais pacotes de ajuda, algo previsto no estatuto da Otan, e retirou o veto que mantinha a Rutte.

Até o fim do ano à frente da presidência rotativa da União Europeia, Orbán vai se encontrar com Donald Trump após a cúpula —ele é aliado do republicano que tenta voltar à Casa Branca e, na semana passada, esteve tanto com Zelenski como com Vladimir Putin, atraindo críticas ocidentais.

Zelenski sai de Washington com um pacote robusto de ajuda, de US$ 225 milhões (R$ 1,2 bilhão), no qual estrela um sistema de defesa antiaérea Patriot, seu maior objeto de desejo ao lado dos caças americanos F-16, que os ucranianos devem começar a receber nas próximas semanas de outros países europeus.

Até então, os EUA só tinham dado um desses sistemas, caros e raros, a Kiev. A Alemanha, que cedera dois, já havia se comprometido a fornecer mais um, enquanto um consórcio de países da Europa com acesso a partes do Patriot prometem montar uma bateria a partir de várias origens —algo tecnicamente desafiador.

O arranjo foi anunciado pelo presidente Joe Biden após encontro com Zelenski. A Noruega também prometeu o equivalente a R$ 500 milhões em apoio imediato, e a Romênia assinou um acordo de segurança com o ucraniano.

O pedido no ar de Zelenski foi acompanhado por Stoltenberg. Países como os EUA, embora tenham dado autorização para ataques dentro da Rússia, o fizeram impondo limites territoriais e técnicos. No primeiro caso, apenas a regiões envolvidas com a ofensiva de Moscou. No segundo, que não sejam empregadas armas com longo alcance, como os mísseis ATACMS.

A história do conflito na Ucrânia mostra que o Ocidente testa aos poucos as linhas vermelhas sugeridas pelo governo de Putin, sempre balançando a carta de uma Terceira Guerra Mundial. Os aliados demoraram seis meses para entregar artilharia de precisão e mais de um ano para aprovar o envio de tanques e baterias antiaéreas mais avançadas.

Os F-16 só foram prometidos no ano passado e ainda não chegaram, mesmo em um número limitado que sugere impacto pequeno no curso da guerra. O Pentágono divulgou uma lista atualizada do material enviado até aqui, somando quase R$ 300 bilhões.

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