Nos últimos dois anos, 4 dos 5 maiores bancos brasileiros lançaram seus marketplaces, espaços digitais em que correntistas podem realizar compras e ter acesso a benefícios oferecidos pelas instituições.

O Itaú, que tem o melhor serviço financeiro segundo 19% dos entrevistados pelo Datafolha, lançou sua plataforma em agosto de 2022. O instituto realizou 1.081 entrevistas com pessoas com 16 anos ou mais pertencentes às classes A e B da cidade de São Paulo, de 19 a 27 de janeiro deste ano.

O Itaú Shop permite que os clientes comprem produtos com descontos pelo aplicativo e acumulem pontos, que podem ser trocados por outros produtos e passagens aéreas. Estão à venda eletrodomésticos, itens de informática e celulares. Bradesco, Santander e Banco do Brasil também têm iniciativas similares.

Renato Lulia, diretor de relação com investidores da instituição, afirma ser uma maneira de oferecer praticidade à vida dos correntistas.

"Enquanto no passado o serviço financeiro era restrito à conta-corrente, ao cartão de crédito ou ao empréstimo, hoje bancos como o Itaú trabalham setores diversos da sociedade. A gente quer manter aquela definição de serviços financeiros tradicionais, mas também ajudar nossos clientes para além do que sempre oferecemos", afirma.

Para ele, o banco já alcançou excelência em ajudar os correntistas a cuidar do dinheiro e a investir. Agora, a proposta é ajudá-los também a consumir.

Rafael Schiozer, professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz que esses espaços ajudam a atrair e a manter clientes.

"Hoje, quase todos os maiores bancos têm essas plataformas. Elas atraem o cliente pela praticidade, porque oferecem todas as funcionalidades do internet banking e dão acesso a uma gama variada de produtos."

De acordo com Lulia, o objetivo com o Itaú Shop e outras iniciativas é melhorar e estimular uma relação de confiança. "Aqui estamos sempre pensando em quanto mais a gente consegue ajudar nosso cliente e quanto mais benefícios podemos levar a ele, dado o tamanho do banco", afirma.

Para Schiozer, a relação que se estabelece é de mão dupla, mas traz mais vantagens para os bancos.
"Quando a instituição oferece esse tipo de serviço, consegue traçar um perfil detalhado do consumo de seu correntista. Isso possibilita saber quais outros produtos oferecer, quais formas de pagamento e mesmo analisar se essa pessoa é elegível ou não para uma linha de crédito."

Schiozer considera que a iniciativa de criar plataformas como essas é um sinal da migração cada vez maior para o digital, ainda vista como um desafio.

"Bancos grandes, com milhões de clientes, têm na migração para o digital uma solução e um problema. Produtos como esses marketplaces são muito úteis para uma parcela dos correntistas, mas não para outra parte significativa. É importante que essas instituições encontrem um equilíbrio."

ITAÚ

19% das menções
Fundação 1924
Unidades 3.800 pontos físicos
Funcionários 101 mil
Faturamento R$ 30,8 bilhões (2022)
Crescimento 14,5%