Expansão do metrô de SP mira alívio de fluxo na linha vermelha

Ao lado do SUS, sistema de transporte foi eleito o melhor serviço público da cidade pelas classes A e B

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São Paulo

O metrô de São Paulo é bom. Há seis anos, é eleito o melhor serviço público da cidade pela população de classes A e B, segundo o Datafolha. Neste ano, 15% dos entrevistados escolheram o Metrô e o SUS.

Mas, há ao menos três anos, um outro padrão é revelado pela pesquisa: a diferença desse índice entre os moradores das zonas oeste e leste da cidade. O mais recente levantamento, feito em janeiro, mostra que, nesse primeiro grupo, 21% elegeram o Metrô o melhor serviço público, contra 12% do segundo.

A Folha percorreu em março, às 7h30 de dias úteis, todas as linhas que passam nas zonas oeste e leste. Na primeira, observou trens vazios, rápidos e com aspecto de novos; na segunda, lotados, lentos e com aparência de antigos.

Diferença entre metrôs da linha verde, sentido Vila Prudente, no primeiro plano, e sentido Vila Madalena, no segundo, por volta das 8h, na estação Alto do Ipiranga, em São Paulo
Diferença entre metrôs da linha verde, sentido Vila Prudente, no primeiro plano, e sentido Vila Madalena, no segundo, por volta das 8h, na estação Alto do Ipiranga, em São Paulo - Keiny Andrade - 20.mar.23/Folhapress

Quando a Folha embarcou na estação Itaquera, a primeira da linha vermelha no sentido centro, o condutor do metrô avisou que o sistema, naquele dia, estava mais lento. Uma pessoa havia invadido a passarela de emergência da linha, obrigando os trens a andarem mais devagar.

Para os usuários, o aviso não é extraordinário. "É impressionante como todo dia tem algum problema, essa situação já faz parte da minha vida", diz a recepcionista Marly Dezidério, 29. Ela vai da estação Patriarca à Barra Funda todos os dias. O metrô fica lotado frequentemente.

Não muito diferente estava o monotrilho, que liga o extremo leste de São Paulo à Vila Prudente, quando este repórter embarcou na estação Jardim Colonial, a primeira da linha. Lotado, o metrô ficou parado por 20 minutos devido a uma falha no sistema. O trajeto, que dura cerca de 30 minutos, levou uma hora.

O Melhor de São Paulo

SUS e Metrô são eleitos os melhores serviços públicos da capital paulista

Para o arquiteto e urbanista Flamínio Fichmann, os problemas no metrô da zona leste passam pela densidade demográfica da região –a região abriga cerca de 35% de toda a população da capital, segundo o Metrô. Hoje, a linha vermelha carrega 1,06 milhão de pessoas por dia. Em comparação, a linha amarela, que opera na zona oeste desde 2010, transporta a metade.

A linha vermelha foi criada no início da década de 1980, poucos anos depois da linha azul, que liga as zonas norte e sul. Já a verde é dos anos 1990. "É como se a gente pegasse uma Kombi velha e enchesse de cimento no porta-mala e de gente o tempo todo. Nesse caso, não podemos perguntar por que ela não anda tão bem quanto uma outra Kombi da mesma idade", compara Fichmann.

Para resolver o problema, ao menos em parte, o Metrô aposta na expansão da linha verde até a Penha, também na zona leste. Programada para 2026, a diretoria da estatal acredita que a construção das novas oito estações ajudará a desafogar a linha vermelha. "A extensão até a Penha vai favorecer uma população que já anda de metrô, mas que perde um certo tempo para pegar a linha vermelha e ir ao centro", diz o presidente do Metrô, Paulo Menezes.

Por outro lado, a criação das outras oito estações ao leste vai atrapalhar a vida do atual usuário da linha verde. Hoje, os vagões já ficam lotados na Vila Prudente, primeira estação sentido centro, e o novo fluxo deve aumentar essa lotação. Pesa também a criação de outras três estações do monotrilho, programadas para 2026.


Metrô

Fundação 1968
Funcionários 7.317
Passageiros Cerca de 655 milhões em 2022
Faturamento R$ 2,2 bilhões em 2022
Crescimento 40,1%, em relação a 2021

O que faz o metrô ganhar prêmio é que, mesmo estando um pouquinho apertado dentro do trem, o usuário sabe que ele vai chegar ao local desejado e que, em 99% das vezes, não haverá nenhum tipo de interrupção

Paulo Menezes Figueiredo

presidente do Metrô

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