O "S" dos Brics
Após renúncia de Zuma, África do Sul deve passar ainda por novos e duros testes
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
As semelhanças com o Brasil são notáveis. Piora no desempenho econômico, instituições capturadas pela corrupção, degradação da qualidade do governo e perda de legitimidade de um grande partido que se pretendia popular.
Foi o que se passou na África do Sul nos últimos anos, culminando com a renúncia de Jacob Zuma em favor de Cyril Ramaphosa, seu ex-vice e presidente do CNA —o partido que abrigou Nelson Mandela e governa o país há 24 anos.
Trata-se da maior economia do continente africano, a letra "S" (de South Africa, na língua inglesa) dos Brics, acrônimo criado na década passada para designar os emergentes então considerados de maior potencial (Brasil, Rússia, Índia e China são os demais).
A corrupção é uma chaga nas cinco nações, mas até aqui foi no Brasil e na África do Sul que chegou a comprometer o funcionamento do Estado a ponto de desencadear transformações políticas.
O ex-presidente Zuma, de fato, atingiu o paroxismo em termos de desmandos e inoperância, permitindo o tráfico de influência em escala tida como inédita.
Constituíram estopim para sua renúncia forçada as relações com os irmãos Gupta, indianos bilionários acusados de pagar propinas em troca de acesso a negócios com o governo. Repete-se no caso a história de instituições frágeis capturadas por elites com acesso privilegiado a recursos públicos.
Mesmo não tendo passado ainda por uma profunda recessão, a África do Sul amarga um desempenho econômico ruim. O crescimento vem declinando há uma década e hoje está em 1% ao ano, enquanto a taxa de desemprego permanece em torno de desastrosos 30%.
A educação é sofrível. Não se superou até hoje o legado de desigualdade entre brancos e negros —e cresce a disparidade entre a elite que emergiu depois do fim apartheid e o resto do país.
O CNA tem culpa por isso. Sua permanência no poder, mesmo depois de diversos escândalos, reflete sem dúvida a hegemonia conquistada na épica luta contra a segregação; entretanto é também mostra da dificuldade de regeneração do sistema político. A força das instituições sul-africanas ainda deve passar por novos e duros testes.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters