Siga a folha

Descrição de chapéu

Fim de uma era

Fechamento de fábrica da Ford no ABC após meio século reflete transformação do setor automotivo

Fábrica da Ford em São Bernardo do Campo - Claudinei Plaza/DGABC
 

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, após 52 anos de operações, alerta que mudanças profundas se aproximam, e não apenas para a região do ABC paulista, centro tradicional da produção de veículos no país.

A decisão da montadora provocará o fechamento de 4.500 postos de trabalho, entre diretos e terceirizados, além de outros milhares na cadeia de fornecedores.

A Ford manterá a produção de motores em Taubaté e de automóveis compactos apenas na fábrica de Camaçari, na Bahia, que conta com incentivos fiscais e encargos salariais mais baixos.

Certamente há aspectos locais envolvidos na saída do ABC, como a obsolescência da unidade, o alto custo de operação e a tradição de aguerrida mobilização sindical, que desfavorecem a região na competição hoje mundial. 

A questão de fundo, contudo, é mais ampla —a transformação do setor automotivo. Depois de duas décadas de forte crescimento no mundo, sobretudo em países emergentes como a China, o mercado vem perdendo fôlego.

Mudanças de hábitos e novas soluções de mobilidade contribuem para essa dinâmica. Há pelo menos dois anos, muitas das principais montadoras revisam para baixo suas projeções de vendas e lucros. 

De outro lado, a demanda por pesquisa e desenvolvimento cresce, em áreas como direção assistida e carros elétricos, exigindo orçamentos cada vez mais amplos e maior flexibilidade produtiva. 

Não por acaso, várias empresas vêm se associando para compartilhar despesas de pesquisa e plataformas de produção —caso da própria Ford, que hoje trabalha em associação com a Volkswagen na produção de utilitários, além de ter reduzido sua atuação no segmento de carros compactos. 

Nesse contexto, o posicionamento do Brasil se mostra muito ruim. Além da especialização em modelos de menor valor agregado, a indústria se mostra atrasada e pouco inserida na dinâmica mundial. A dependência permanente de proteção e incentivos, mais uma vez renovados no programa Rota 2030, não aponta um futuro promissor.

As agruras do setor implicam riscos até para a retomada do crescimento econômico do país —historicamente, a superação de recessões contou com atividades dinâmicas como a produção de bens duráveis, automóveis entre eles.

Agora, a receita de aproveitar as vantagens de um mercado local protegido possivelmente não bastará. Inovação, custos realistas e integração produtiva com os centros mais dinâmicos do mundo se afiguram cada vez mais essenciais. Essa agenda nunca foi tão urgente.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas