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Ditador no labirinto

Maduro e Putin não têm solução para a crise humanitária que assola o país

O ditador Nicolás Maduro durante ato em Caracas - Fausto Torrealba/Reuters

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Regimes autoritários não são incompatíveis com a estabilidade política. Desde que a oligarquia no poder distribua com regularidade o bônus econômico entre os grupos cruciais para a sua sustentação, podem atravessar gerações sem enfrentar crises ameaçadoras.

O chavismo, que há 20 anos domina a Venezuela, já cruzou a fronteira para a turbulência. Não consegue agraciar a camarilha que o apoia sem dilapidar a fonte da riqueza nacional. O país empobrece, fome e epidemias flagelam a população, faltam luz e abastecimento nas cidades, milhares de desalentados fogem para nações vizinhas.

O ditador Nicolás Maduro é instado a aumentar a dose do arbítrio. Persegue, prende e proscreve dissidentes. Promove reviravoltas nas regras de acesso ao poder político para proteger-se da derrota.

Como a insatisfação social cresce, adversários se aproveitam dos flancos abertos. Juan Guaidó, o deputado que lidera a oposição como presidente interino autodeclarado, pela segunda vez tentou arregimentar apoio estratégico para depor Maduro. Falhou de novo.

Não se concretizou a costura, crucial para destituir o ditador, com o comando das Forças Armadas. Como na tentativa de levar ajuda humanitária estrangeira à Venezuela, em fevereiro, os generais que são os fiadores do regime não mudaram de lado, o que denota no mínimo precipitação opositora.

Note-se, porém, a dificuldade de Maduro em deslanchar uma nova rodada de expurgos em larga escala contra adversários. Não prendeu Guaidó quando este retornou ao país, mesmo com o arremedo de Justiça da ditadura a permiti-lo.

Hesita em tomar ações parecidas agora. Poderia, por exemplo, tentar fechar a Assembleia Nacional, que faz sombra às instituições de fancaria do chavismo.

Há, decerto, custos implícitos numa escalada de violência institucional. Se a elite do generalato não associar-se à jogada, à qual aparentemente resiste, o veneno volta-se contra o ditador. A intersecção de pressões externas também conta.

Um consórcio de líderes autocratas encabeçado pelo russo Vladimir Putin age para segurar Maduro. Não espanta mais, infelizmente, que o PT tenha se associado a essa liga de escroques, cuja última preocupação é com a democracia e a estabilidade na América do Sul.

De seu lado, o governo brasileiro parece ter contido os seus grupos inconsequentes e consolidado diretriz de não intervenção, na melhor linhagem do Itamaraty. Associa-se a outras nações com larga tradição democrática a reclamar uma transição pacífica de volta ao Estado de Direito na Venezuela.

Esses países têm algo a oferecer para remediar a depressão econômica e mitigar o mergulho rumo à miséria na Venezuela. Maduro e Putin significam mais do mesmo.

editoriais@grupofolha.com.br

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