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Trump na terra de Kim

Dinâmica entre os líderes não permite maior otimismo quanto a acordo nuclear

O presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, na zona desmilitarizada entre as duas Coreias - Kevin Lamarque/Reuters

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Em um gesto abrupto, como é recorrente em sua política externa, o presidente Donald Trump relançou a negociação de um acordo nuclear com a Coreia do Norte.

Após o anúncio, Trump tornou-se o primeiro mandatário americano a pisar no solo do país asiático, governado por uma bizarra dinastia stalinista desde 1948.

O ato foi largamente simbólico e deve ser observado com a devida cautela. Se obviamente é salutar ver adversários de décadas armados com bombas atômicas encenando gestos de entendimento, cabe ressaltar que a dinâmica entre Trump e o ditador Kim Jong-un não permite otimismo excessivo.

Esse foi o terceiro encontro entre os dois, que quase foram ao conflito militar em 2017 —quando Kim acelerou o seu programa de mísseis balísticos e demonstrou estar  próximo de dispor de uma arma teoricamente capaz de levar uma bomba nuclear aos EUA.

Em 2018, Trump aquiesceu e elevou o déspota à qualidade de igual, em outro evento carimbado pelo epíteto de histórico. Fotos correram o mundo e promessas foram feitas. O efeito durou pouco.

Meses depois, em fevereiro deste ano, ambos os líderes discordaram sobre um acordo de desnuclearização da Península Coreana cujos termos nunca foram claros.

Agora, segundo reportou o jornal The New York Times, a ideia seria propor um congelamento do programa nuclear de Kim, sem mexer no arsenal existente de artefatos atômico da ditadura, estimado por especialistas entre 20 e 60 ogivas.

O mais belicoso assessor de Trump, John Bolton, descartou o relato. Mas ele vem colecionando derrotas recentes, como na condução da hoje muito mais instável crise nuclear com o Irã.

Se a pretensão se confirmar, estaria configurada uma vitória e tanto para Kim, cuja ascendência sobre seu emaciado público interno depende de demonstrações de força. Não faltarão belicistas a apontar acordos do gênero para sustentar que qualquer regime, por aberrante que seja, pode se manter se tiver como recorrer à bomba.

Ao republicano restaria a propaganda de que conteve o jovem ditador, o que parece de bom tamanho para a largada da disputa pela reeleição em 2020.

Propostas de congelamento de arsenal não têm bom histórico. Em 1994, Bill Clinton ofertou o mesmo ao pai de Kim e obteve anos de logro, que permitiram à ditadura pavimentar o caminho para seu primeiro teste nuclear, em 2006. Um hipotético novo acordo assim serviria melhor a Pyongyang do que à paz regional, que dirá a mundial.

editoriais@grupofolha.com.br

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