Siga a folha

Descrição de chapéu

Teste de inteligência

Milhões de exames de vírus são necessários; governo deve compilar base de dados

Amostras para testes de coronavírus na Fiocruz - Carl de Souza/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Enquanto o número de mortos pela Covid-19 se aproxima do primeiro milhar, os três níveis de governo falham no mais básico —a produção de números confiáveis sobre a disseminação da epidemia.

Sabe-se apenas que a subnotificação de infectados no Brasil é galopante. Sem conhecer a real dimensão do fenômeno, autoridades não podem planejar de modo inteligente a alocação de recursos para sustar a propagação exponencial da doença e a sobrecarga do sistema hospitalar que se avizinha.

O retrato mais fiel da situação só será obtido com a aplicação maciça de testes de diagnóstico, como ensina o sucesso relativo de países como Coreia do Sul e Alemanha. A deficiência brasileira fica escancarada quando se constata que se desconhece até quantos exames já foram aplicados por aqui.

A cegueira dos administradores da crise evidenciou-se em reportagem da Folha. O Ministério da Saúde (MS) confirmou ao jornal não ter um levantamento de quantos testes foram realizados no país.

Segundo as informações fornecidas pela pasta comandada pelo médico e ex-deputado federal Henrique Mandetta (DEM-MS), o governo federal distribuiu 54 mil unidades de exames moleculares conhecidos como PCR —os mais precisos, porém demorados.

Além disso, foram entregues outros 500 mil testes sorológicos, que dão resultados em questão de minutos, mas são mais propensos a registrar falsos negativos.

Estados e municípios, por sua vez, têm os próprios estoques de testes e resultados, positivos ou negativos. Tudo indica que os dados gerados dessa maneira descentralizada só chegam ao ministério quando resultam na confirmação de casos e óbitos por Covid-19.

Os 554 mil exames distribuídos por Brasília representam só um terço do que seria necessário —1,7 milhão de pessoas— para o país alcançar um nível coreano de testagem em massa (0,8% da população).

Para que os resultados obtidos tenham utilidade maior que a da mera contabilidade lúgubre de infecções e mortes, urge pôr fim à atual descoordenação.

Outros 4,5 milhões dos 5 milhões de testes sorológicos doados pela mineradora Vale devem chegar ao longo deste mês. Compete ao governo de Jair Bolsonaro garantir que o futuro acervo de estatísticas sirva para aumentar a inteligência das políticas de controle do novo coronavírus —pois de desinteligência já há fartura.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas