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A Covid de cada um

Brasil e EUA seguem receita oposta à dos mais bem-sucedidos no combate ao vírus

Teste para a Covid-19 em Taiwan - Sam Yeh - 14.mar.20/AFP

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A pandemia de Covid-19 se manifesta em múltiplas epidemias locais, de características diferentes até num mesmo país. O balanço díspar de vítimas sugere pistas de como se disseminou o coronavírus e de como enfrentá-lo.

As Américas e a União Europeia, com seus quase 800 mortos por milhão de habitantes até aqui, contrastam de modo gritante com os 71 mortos por milhão da Ásia, 45 da África e 23 da Oceania.

O isolamento relativo, a juventude e a baixa mobilidade de certos países africanos, bem como o peso do sucesso da China e de sua imensa população no continente asiático, podem ser explicações vagas para fenômenos tão amplos.

Entretanto há motivos específicos, derivados de providências no combate à epidemia, que ajudam a explicar essas diferenças.

Estão na Ásia alguns dos países que tomaram as medidas mais precoces, estritas e organizadas de contenção. Taiwan impôs bloqueios internacionais ainda em janeiro. Tinha um comitê profissional de combate a epidemias desde os surtos de gripe do início do século, com planos específicos e autoridade para executá-los.

Rastreou possíveis doentes por meio de um sistema nacional de dados, testou, impôs máscaras e quarentenas sob pena de multas pesadas. Havia confiança nas autoridades e um senso comunitário de colaboração com as medidas sanitárias. O país tem 0,3 morte por milhão de habitantes. O Brasil, 894.

O método taiwanês descreve parte das providências de países mais bem-sucedidos. Foi assim em China, Vietnã, Coreia do Sul, Japão, Singapura, Nova Zelândia e, em menor medida, Austrália.

Países da África, com poucos recursos, ligaram alertas precoces nas fronteiras e souberam recorrer a planos de combate ao ebola a fim de conter também o coronavírus.

Entre os mais exitosos da América Latina (onde houve mais de 800 mortos por milhão), Cuba e Uruguai seguiram parte do pacote taiwanês, como Finlândia, Noruega e Dinamarca na Europa —porém com menos controle da vida privada e também menos sucesso.

Organização do sistema de saúde, comando técnico do combate de epidemias, autonomia de ação para cientistas e profissionais de saúde, transparência do governo, confiança da população e alerta precoce. Essa parece ser uma lista razoável de atitudes exitosas.

Já negacionismo, propaganda de crendices e sabotagens presidenciais marcaram a conduta de países como Brasil, México e Estados Unidos, que se assemelham como exemplos trágicos de mortandade.

editoriais@grupofolha.com.br

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