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Lusmarina Campos Garcia

É Natal na pandemia!

É hora de reverenciar as 190 mil vidas perdidas no Brasil, dizer não a quem quer furar a fila da vacinação e nos dispor a buscar ao nosso redor sinais da presença de Deus

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Rio de Janeiro

A conjunção entre Saturno e Júpiter, que teve o seu ponto de maior aproximação na segunda-feira passada, nos remete a outro evento astronômico que até hoje marca o imaginário de parte da humanidade: a estrela de Belém. Real ou ficcional, a estrela é um elemento medular no universo simbólico-narrativo que constitui a história do Natal.

Esta história guarda em si um paradoxo: por um lado, a beleza, a energia e a força que vem do nascimento de uma criança, e por outro, a vulnerabilidade aguda de um Deus que se torna humano e adentra o corpo do mundo, da terra, lugar de tanta vibração e vida e, ao mesmo tempo, tanta desolação e morte. O Natal é o encontro dos extremos, das realidades distintas, é a conexão das diferenças, a afirmação da esperança no meio do desespero. É a inversão da injustiça socialmente traduzida na pobreza, no racismo, nas fobias e nas muitas discriminações, uma vez que situa o sagrado nos corpos das pessoas discriminadas. É, na verdade, uma oportunidade que nos damos de olhar para dentro de nós e encontrar o que há de melhor.

Por isso, neste ano de 2020, quando celebramos o Natal no tempo da pandemia da Covid-19, reverenciamos as 190 mil vidas perdidas no Brasil, abraçamos as suas famílias, dizemos não a quem quer furar a fila da vacinação —como o STF, o STJ, o MP— e nos dispomos a buscar nas estrelas e nas pessoas que estão ao nosso redor sinais da presença de Deus. Esta presença que, mais do que uma afirmação, é uma promessa de que não estamos sós.

Mesmo que neste Natal nos abstenhamos de nos encontrar para que outros natais sejam possíveis, afirmamos com responsabilidade e com ternura, que nenhum e nenhuma de nós está só. Deus está conosco.

Que consigamos, como os magos, ver nas estrelas a direção do lugar da nossa esperança. E que vivamos este tempo com a força de quem sabe que há alegria depois da tristeza e há vida depois da morte. Feliz Natal.

*

Lusmarina Campos Garcia é teóloga e pesquisadora de direito na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

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