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Sequelas do atraso

País se depara com obstáculos e dúvidas sobre velocidade do plano de vacinação

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Militares desembarcam lote de vacinas Coronavac na Base Aérea de Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

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À lufada de júbilo que tomou o Brasil, com o início tardio da vacinação contra Covid, sobrevém um choque de realidade em que será preciso superar sequelas do fiasco federal na pandemia. Isso se Jair Bolsonaro e seu inepto ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, nada mais fizeram de errado.

Mesmo depois da derrota humilhante na cruzada contra a Coronavac, o presidente continua espalhando desconfiança sobre o produto que, afinal, viu-se obrigado a comprar. Esse, entretanto, constitui o menor dos problemas que o Programa Nacional de Imunização terá de resolver.

O efeito adverso mais grave da incompetência do Planalto é a incerteza quanto à regularidade do suprimento de vacinas. Ao apostar num único produto, a Covishield da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, o governo federal ficou refém de um fornecedor que agora regateia entregas contratadas.

A Fiocruz, parceira de Oxford encarregada de envasar e depois fabricar o imunizante por aqui, ainda não ativou a produção. A partida inicial do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para fracionar 1 milhão de doses no Brasil deveria ter chegado do exterior no final de 2020, mas isso não ocorreu.

Tal atraso desencadeou a patética ofensiva de Pazuello para importar 2 milhões de doses da Índia. O ministro general fracassou, como em quase todas as missões na pasta. Ainda dá por certo o desembarque de 50 milhões de unidades até abril, metade do volume contratado, mas o retrospecto manda desconfiar de suas projeções.

O Instituto Butantan, que se associou à Sinovac para produzir a Coronavac no Brasil, enfrenta dificuldades similares. Os 6 milhões de doses ora autorizados para uso emergencial já se encontram em território nacional, assim como insumos para outros 4,8 milhões de unidades até o fim deste mês, mas depois disso nada está garantido.

A Sinovac tem compromisso com a entrega de 46 milhões de doses até abril. No entanto está parado em Pequim um carregamento de IFA para 18,3 milhões de injeções. Teme-se que o governo chinês crie obstáculos, assim como na Índia ou mesmo em retaliação pelos ataques do clã Bolsonaro, para liberar o produto estratégico.

A China fornece 35% dos insumos farmacêuticos utilizados no Brasil, e a Índia, outros 37%. Os dois países mais populosos do mundo podem bem decidir, pois, que têm prioridade na vacinação.

Só estão em solo brasileiro vacinas para dar duas doses a 5,4 milhões de pessoas. Com sorte, menos incúria e mais diplomacia, até abril seria factível obter o suficiente para proteger menos de um quarto da população —isso se não faltarem seringas, se a Saúde não ficar de novo sem ministro e se a logística de Pazuello enfim funcionar.

editoriais@grupofolha.com.br

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