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Fiasco amazônico

Operação militar contra desmatamento se aproxima do fim com resultados pífios

Imagem da Operação Verde Brasil 2, na Amazônia - Exército - 20.mai.20/Divulgação

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Por qualquer ângulo que se analise a Operação Verde Brasil 2, liderada pelas Forças Armadas com o objetivo de coibir o desmatamento e as queimadas na Amazônia, é difícil não considerá-la um fiasco.

Iniciada em maio do ano passado e com encerramento previsto para 30 de abril, a missão se notabilizou por fazer pouco com muito. Embora tenha recebido vultosos recursos, num momento em que os órgãos oficiais de controle sofrem com a penúria orçamentária, foi incapaz de deter a destruição.

Nos oito primeiros meses da empreitada, o número de multas aplicadas por infrações contra a flora despencou 37% em relação ao mesmo período de 2019-2020.

Já a taxa oficial de desmatamento saltou 9,5% no ano passado na comparação com 2019, num intervalo parcialmente coberto pela operação militar. Pouco mais de 11 mil km² de vegetação amazônica, a maior cifra desde 2008, desapareceram pelas mãos de grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais.

O mesmo ocorreu com as queimadas, fenômeno ligado ao desflorestamento. Em 2020, os focos de incêndio aumentaram 15% com relação ao ano anterior, com agosto e setembro tendo registrado os segundos piores índices para o período na última década.

Seria talvez o caso de apenas lamentar a imperícia do Exército para a tarefa, de resto previsível, dada a falta de experiência da Força nesse tipo de ação, não fossem os custos exorbitantes da operação.

Com aporte de R$ 410 milhões, a Verde Brasil 2 consumiu mais de três vezes o orçamento do Ibama e do ICMBio para a fiscalização ambiental e o combate a incêndios proposto para 2021. Essas instituições voltarão a comandar o combate à devastação amazônica, depois que o Exército deixar a região.

Na nova fase, as ações ficarão concentradas em 11 municípios, que, segundo o vice-presidente, general Hamilton Mourão, responsável por coordenar a atuação de ministérios na área ambiental, concentram parte relevante do desmatamento do bioma.

A estratégia é correta e já foi utilizada com sucesso nos governos petistas, embora, comparado a esse período, o número de cidades anunciado pareça pequeno.

Não é preciso reinventar a roda nessa questão. O Brasil já provou sua competência para enfrentar a chaga do desmatamento. Repetir o feito exige, além de uma ação inteligente, independência de atuação, recursos e respaldo institucional.

editoriais@grupofolha.com.br

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