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Calorias nocivas

Alto consumo de ultraprocessados em estrato de baixa renda exige mais educação

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Refrigerantes expostos em supermercado de Cuiabá (MT) - Rodrigo Capote/Folhapress

A mesma tecnologia que expandiu a produção de alimentos gerou piora na qualidade com os chamados ultraprocessados, que são ricos em gordura, sal e açúcar e mais baratos do que os in natura.

Não à toa, esse tipo de produto tem sido cada vez mais consumido por famílias de baixa renda no Brasil. Estudo da Universidade Federal de Pernambuco apontou que essa população têm entre 86% e 82% menos chance de ter consumo alto de frutas, verduras e legumes.

Segundo pesquisadores, o cotidiano acelerado nos centros urbanos, que dificulta o preparo de refeições saudáveis em casa, e o acesso precário a alimentos frescos nas periferias, aliados ao baixo custo, contribuem para o cenário atual.

Ademais, há empecilhos para o gasto de calorias, como a violência urbana, que dificulta atividades físicas ao ar livre, e uso exagerado de telas (celulares e computadores) —tais problemas atingem principalmente crianças e adolescentes.

A maior revisão de estudos sobre ultraprocessados, publicada em março por pesquisadores da Austrália e dos EUA, revelou que esses alimentos estão associados a 32 efeitos prejudiciais à saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes e, claro, obesidade.

Pesquisa da Fiocruz em colaboração com a University College London, publicada em abril, mostrou que entre 2001 e 2014 a prevalência da obesidade em brasileiros e brasileiras na faixa etária de 5 a 10 anos passou de 11,1% para 13,8% e de 9,1% para 11,2%, respectivamente.

O Atlas 2024 da Federação Mundial da Obesidade projeta um salto no índice de obesidade em jovens entre 5 e 19 anos no Brasil, de 34% em 2019 para 50% em 2035.

Como a superação da pobreza depende de ações de médio e longo prazo, há que implantar políticas mais imediatas, como educação nutricional nas escolas, reforço da segurança pública, espaços de lazer e capacitação de profissionais de saúde na atenção básica. A rotulagem de alimentos, ademais, merece atenção permanente.

Os custos para prevenir e combater a obesidade ainda na juventude são menores do que aqueles gerados pelas doenças relacionadas ao aumento de peso no futuro.

editoriais@grupofolha.com.br

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