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Circo amazônico

Planalto manieta Ibama e torra milhões com espetáculo armado ineficaz na selva

Área devastada ao sul do Amazonas - Lalo de Almeida/Folhapress

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Após dois anos de aumento na devastação da Amazônia, novos recordes saltam das imagens de satélite. Em junho, início da estação menos úmida, sensores detectaram na região o maior número mensal de focos de queimada desde 2007.

Alertas de desmatamento também aumentam. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam 3.325 km² de corte raso da mata no primeiro semestre. Isso equivale ao dobro da área do município de São Paulo.

O governo de Jair Bolsonaro enfrenta a questão com uma improdutiva divisão de esforços entre Forças Armadas e o Ministério do Meio Ambiente. Enquanto o Ibama definha, ações espetaculares e custosas nada resolvem.

O Planalto incumbiu o vice Hamilton Mourão de encenar operosidade e destacou o ex-ministro Ricardo Salles para desmontar o que funcionava. O general anunciou 3.000 militares na Operação Samaúma, sucessora da Verde Brasil 2, e fixou meta de reduzir em 10% a 12% a devastação.

Mourão dá a entender que o desmate voltou porque a intervenção amazônica terminou em abril, mas o recuo da derrubada é normal naqueles meses de chuva. O governo só quer maquiar a imagem do Brasil antes de nova reunião internacional sobre crise do clima, a COP-26 de Glasgow, em novembro.

A Verde Brasil 2 custou cerca de meio bilhão de reais em 2020/21. De janeiro a dezembro do ano passado, apesar dela, desmataram-se mais de 8.000 km² na Amazônia, maior cifra em uma década.

Nem mesmo a defenestração de Salles e o afastamento de Eduardo Bim da presidência do Ibama reverteram o desmanche da agência. Hoje ela conta com menos de 50% dos analistas ambientais previstos, sem perspectiva de preencher vagas abertas.

Em 2020, ainda sob Salles, o ministério solicitou a realização de concurso para 970 postos vagos de analista ambiental —o que nunca aconteceu. Com Joaquim Álvaro Pereira Leite na pasta, a solicitação encolheu para 104 analistas.

A reivindicação abrange também outros cargos, como analistas e técnicos administrativos. Somando todos, o pedido do ano passado implicaria despesa adicional de R$ 136 milhões em 2022; com o encolhimento, R$ 26 milhões.

Proibir queimadas por 120 dias e encher a selva de helicópteros com soldados sem capacitação mostra bem o que Bolsonaro pretende lograr na Amazônia: nada.

editoriais@grupofolha.com.br

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