Descrição de chapéu desmatamento

Amazônia tem junho com maior número de queimadas desde 2007

É o 2º junho seguido a bater recorde da década; situação deve piorar com início do período seco na mata

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São Paulo

A Amazônia, pelo segundo ano consecutivo, teve junho com o maior número de queimadas desde 2007. Foram 2.308 focos de incêndios no bioma, pouco acima dos 2.248 focos registrados em junho do ano passado, crescimento de quase 3%. Os dados são do Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), atualizados diariamente.

Números tão elevados aproximam 2021 a cenários da década dos anos 2000, nos quais a Amazônia passava por grandes devastações e números recordes de queimadas. Em 2007, por exemplo, foram 3.519 incêndios registrados no bioma, ainda, por sua vez, distante do recorde no mês: 9.179 focos em 2004.

O número de queimadas registrado em junho de 2021 está um pouco abaixo da média histórica, dado que acaba aumentado devido aos altos índices dos anos 2000.

Olhando para a última década, porém, na qual o desmatamento foi melhor controlado e reduzido, junho atual apresenta números altos de fogo, acima dos cerca de 1.705 focos registrados, em média, no mês.

Os próximos meses são críticos para a Amazônia. Com o início da estação mais seca no bioma, aumentam as queimadas, que são diretamente ligadas ao processo de desmate. É nesse momento em que a mata derrubada em momentos anteriores (até mesmo no ano passado, em alguns casos) é queimada.

Por isso, costuma haver números elevados de fogo principalmente entre agosto e setembro.

Em 2019, a situação das queimadas foi tão crítica, especialmente em agosto, que iniciou uma crise internacional de imagem ambiental, com críticas, inclusive de mandatários de outros países, ao modelo atual de gestão da Amazônia. O contexto acabou levando à primeira operação, sob Bolsonaro, do Exército no bioma para tentar conter a devastação —plano que tem se mostrado infrutífero.

Apesar disso, no início dessa semana, o governo Jair Bolsonaro (sem partido), mais uma vez, prorrogou a presença militar na Amazônia, através da GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Os militares devem permanecer em ação na mata até 31 de agosto.

O presidente também proibiu, por 120 dias, queimadas no país.

O governo Bolsonaro não vem implementando políticas que consigam estancar o desmatamento e as queimadas nos biomas do país. O presidente, na verdade, desde o início de seu mandato, minimiza o impacto do desmate e das queimadas.

Bolsonaro e seu vice, o chefe do Conselho da Amazônia Hamilton Mourão, também já lançaram acusaçõse, sempre sem provas, contra membros do Inpe. Bolsonaro chegou a dizer que Ricardo Galvão, o ex-diretor do instituto —que caiu após se defender dos ataques e responder ao presidente—, estaria "a serviço de alguma ONG", entidades que constantemente são alvos do presidente e de seus aliados.

O próprio ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também já chegou a minimizar os incêndios na Amazônia e também o desmatamento.

Especialistas alertam, desde o início do governo atual, que falas, por parte de autoridades, que minimizam o problema podem passar uma ideia de impunidade a quem comete crimes ambientais e, consequentemente, acabar incentivando práticas delituosas, como desmate ilegal e queimadas.

Com o nome envolvidos em investigações da Polícia Federal, Salles pediu demissão na última semana. Em seu lugar, tomou posse Joaquim Pereira Leite.

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