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Polarização peruana

Enfim declarado presidente, Castillo deve trocar agenda autoritária por alianças

O presidente eleito do Peru, Pedro Castillo - Sebastian Castaneda/Reuters

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Mais de seis semanas depois do segundo turno da disputa pela Presidência, o Peru enfim concluiu seu conturbado processo eleitoral, confirmando a vitória de Pedro Castillo sobre Keiko Fujimori.

O esquerdista, de inclinações autoritárias e obscurantistas, triunfou sobre a oponente à direita, que enfrenta problemas na Justiça, por uma margem ínfima de 0,25 ponto percentual, num universo de cerca de 19 milhões de votantes.

Longuíssimo, o hiato entre o pleito e o anúncio oficial se deveu às tentativas de Keiko —filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), atualmente preso por corrupção e por violações aos direitos humanos— de contestar o resultado das urnas.

Mesmo com as instituições e observadores internacionais asseverando a lisura da eleição, a candidata, derrotada pela terceira vez consecutiva, apresentou centenas de reivindicações com o objetivo de anular sufrágios de seu contendor.

Todas terminaram negadas pelo Júri Nacional Eleitoral, pois não foram encontradas quaisquer evidências de falsificação de identidade ou de assinaturas de membros das assembleias de voto, como Keiko e seus partidários alegavam.

A vitória de Castillo, porém, dificilmente encerrará as tensões geradas pela renhida e extremamente polarizada disputa. O mais provável é que elas venham a se transladar para o seu governo, marcadamente para a relação entre o Executivo e o Legislativo.

No fragmentado panorama político peruano, o novo presidente não terá maioria no Congresso unicameral de 130 assentos. Seu partido, embora tenha sido o mais votado, ocupará apenas 37 cadeiras, e mesmo uma composição com as demais forças de esquerda não lhe garantiria predomínio.

Isso deve levá-lo a flexibilizar ou mesmo abandonar parte de sua agenda mais radical, que inclui a dissolução do Tribunal Constitucional e da Carta de 1993. Será preciso buscar alianças mais amplas, seja para oferecer saídas a um país alquebrado pela pandemia, seja para evitar o destino de seus predecessores imediatos.

Nos últimos cinco anos, o embate entre os Poderes levou o Peru a colecionar quatro presidentes e dois Congressos diferentes. Seria um desafio mesmo para um eleito com maior traquejo democrático.

editoriais@grupofolha.com.br

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