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Lula e a economia

Idas e vindas suscitam enormes incertezas quanto a plano do PT numa área vital

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Carla Carniel/Reuters

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Em entrevista à Folha, o economista Edmar Bacha apontou que Jair Bolsonaro representa um risco para a democracia, e Luiz Inácio Lula da Silva, para a economia do país. Rebatido em artigo dos petistas Aloizio Mercadante e Guilherme Mello, Bacha decerto tocou em um ponto sensível para o partido.

Não sem muita resistência interna, o PT abraçou a racionalidade econômica na campanha presidencial de 2002, com a célebre “Carta ao Povo Brasileiro”, e na maior parte dos dois mandatos de Lula, quando foram mantidos o equilíbrio orçamentário, o controle da inflação e o respeito aos contratos.

É curioso que a mitologia petista amplifique os feitos daquele período —aceleração do crescimento, redução da pobreza, acúmulo de reservas em dólar— sem destacar que a agenda de então incluía reforma da Previdência, superávits orçamentários e autonomia de fato do Banco Central.

O partido prefere louvar políticas que começaram a ser adotadas ainda sob Lula e marcaram o governo Dilma Rousseff, como o relaxamento da austeridade fiscal (que se fez acompanhar de embustes orçamentários), a distribuição de subsídios e o intervencionismo.

Nesse caso, omitem-se os resultados catastróficos obtidos, ou estes são atribuídos a razões outras. Tergiversa-se ainda sobre a tardia e atabalhoada tentativa de correção de rumos no segundo e inconcluso mandato dilmista.

Seria também desonesto, claro, atribuir todos os êxitos de Lula à agenda liberal, e o fracasso de Dilma apenas ao estatismo —o ambiente internacional, para ficar no exemplo mais importante, ajudou o primeiro e prejudicou a segunda.

A questão é outra: todo esse histórico de idas e vindas suscita enormes incertezas sobre como um novo governo do partido trataria a área de impacto mais imediato no bem-estar da sociedade.

O PT parece apostar mais uma vez na ambiguidade. Acena com moderação e pragmatismo a setores políticos e empresariais, enquanto mantém as velhas promessas às bases ideológicas e corporativistas. Por mais habilidoso que já tenha se mostrado seu líder, esse será um equilibrismo difícil.

A situação orçamentária do governo é hoje muito mais grave que a de duas décadas atrás, em grande parte devido à gestão Dilma. A precária estabilidade dos últimos anos depende da confiança em um programa gradual de ajuste dos gastos e controle da dívida pública.

Como bem sabe o presidenciável petista, em economia as consequências não esperam os fatos —bastam as expectativas.

editoriais@grupofolha.com.br

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