Revolução em três velocidades
Como virar o jogo e as estatísticas do prazer feminino
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Nem toda revolução precisa de armas. Ao menos não dessas armas que conhecemos e que têm dado tantos tiros pela culatra. Sugiro fazermos uma revolução de outro calibre, como aquele que dei de aniversário para a minha tia. Onze centímetros, emborrachado, a prova d'água, com três velocidades e quatro modos vibratórios.
Quando a encontrei, um mês depois, estava apaixonada. E ensaiando largar o marido: "Ele não ajuda a limpar a casa, a cuidar dos cachorros e, agora percebi, nunca me ajudou a encontrar o prazer. Acabo de descobrir sozinha que o tal ponto fica logo ali, virando a esquina".
Minha tia não é a única. Segundo pesquisa da USP e do Prosex, de 2017, 55,6% das brasileiras não atingem o orgasmo nas relações. Um dado estarrecedor, num país que se diz tão livre e erotizado, onde bundas de biquíni, até há pouco, estampavam anúncios de cerveja e refrigerante a motocicletas —erotizado para quem?
Não é exagero dizer que a pílula anticoncepcional revolucionou o mundo, instaurando o amor livre e dissociando-o da função reprodutiva. Desde então, a maioria das mulheres pode transar à vontade, mas romper com a tirania do prazer falocêntrico já é outra história.
Por isso sugiro que todas peguem em armas e conquistem novos e independentes territórios. O calibre em si não tem a menor importância (só eles se importam com isso). Vale um dildo, um rabbit, um sugador de clitóris, um bullet ou mesmo um dedo cheio de diligência.
Você acha que 55,6% dos homens se conformariam com não gozar? Colocar-se em pé e pélvis de igualdade com eles num assunto tão primordial pode mudar o sistema de relações, tirar o corpo da mulher do lugar objetificável (e portanto passivo de abuso) e criar uma nova e bem-vinda estética para o erotismo e para a representação afetiva. Sem falar no mais importante: o próprio prazer.
Que orgiástica revolução.
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