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As pesquisas ficam

Ameaças a institutos que medem intenção de voto são antigas e tendem ao fracasso

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Jair Bolsonaro (PL) e Arthur Lira, durante cerimônia no Conselho Nacional de Justiça, em Brasília - Adriano Machado/ Reuters

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Num gesto que não constitui surpresa nem causa espanto, aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara dos Deputados protocolaram um pedido de criação da CPI das Pesquisas Eleitorais.

CPI, como se sabe, responde por Comissão Parlamentar de Inquérito, donde se depreende que existem deputados federais interessados em investigar os institutos de pesquisa por sua atuação durante as eleições deste ano.

Se tomada pelo valor de face, a iniciativa revela os traços parvos e obscurantistas daqueles que a endossam. Seus signatários, afinal, teriam de acreditar que a disparidade verificada entre os levantamentos e os resultados nas urnas atestam erro ou má-fé dos institutos.

Ledo engano. Pesquisas, como deveria ser claro, medem intenção, não sufrágio. Muita coisa pode acontecer entre a resposta do eleitor na entrevista e sua decisão final diante da cabine de votação. Querer comparar os dois momentos é pressupor que ninguém muda de ideia na reta final da campanha.

O equívoco conceitual seria apenas risível se não viesse insuflado pelo ânimo autoritário. Pois a esse certificado de estultícia, que muitos parlamentares podem ter conquistado de boa-fé, subjaz o verdadeiro motivo para a investida bolsonarista: intimidar aqueles que reforçam a transparência do processo democrático.

A cruzada contra o livre fluxo de informações começou tão logo o Tribunal Superior Eleitoral confirmou que Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputariam o segundo turno neste domingo. Partiu do presidente da República a primeira agressão contra os institutos, e a ela se seguiram outras.

Na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que é líder do governo, disse ser preciso criminalizar as pesquisas que não acertassem o resultado das urnas. Seu correligionário Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, acelerou a tramitação de um projeto de lei nesse sentido.

Fora do Parlamento, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações) defenderam o boicote aos institutos, enquanto a Polícia Federal e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foram mobilizados nessa caça às bruxas.

Se algo pode ser dito em defesa dos bolsonaristas é que lhes falta originalidade. Institutos de pesquisa no Brasil enfrentam a oposição dos políticos há mais de 30 anos; mesmo uma CPI já foi instalada, em 1998, e terminou meses depois sem deixar conclusão.

Assim como no passado, também agora os ataques se mostrarão ociosos, pois uma sociedade democrática sabe reconhecer o valor da liberdade de informação. Os institutos de pesquisa ficam, os defensores da censura passam.

editoriais@grupofolha.com.br

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