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Lula e Tarcísio dão um bom exemplo

Acordo para obras mostra que adversários políticos podem se aliar pelo bem comum

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Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Adriano Vizoni - 2.fev.24/Folhapress

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Em outros tempos, seria nada além de trivial a interação que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mantiveram na última sexta-feira (2) durante evento oficial no porto de Santos, litoral sul do estado.

Após quatro anos de Jair Bolsonaro (PL), porém, assumem outra dimensão os gestos de normalidade democrática e de rejeição à polarização fundamentalista que divide o mundo em amigos e inimigos.

Demonstrando que adversários políticos também podem ser parceiros, Lula e Tarcísio subiram juntos ao palco para anunciar o entendimento relativo à construção do túnel entre Santos e Guarujá.

Não será uma iniciativa somente federal, como se cogitava poucas semanas atrás, mas uma associação entre os dois governos, que dividirão tanto os custos bilionários da obra quanto os ganhos políticos decorrentes dela.

"O que importa é enxergar o verdadeiro interesse público", afirmou Tarcísio. "Você terá da Presidência da República tudo aquilo que for necessário, porque não estou beneficiando o governador: estou beneficiando o estado mais importante da Federação", asseverou Lula.

Estão cobertos de razão, e não só no conteúdo —que, afinal, é óbvio— mas também —e principalmente— na forma. Pois o país precisa deixar para trás a histeria que contaminou as mais diversas autoridades nos últimos anos e, no lugar dela, restaurar o verdadeiro sentido do republicanismo.

Claro que nem todos os petistas e bolsonaristas estarão prontos para essa lição. Depois do ato conciliatório em Santos, aliados mais radicais do ex-presidente rangeram os dentes para as mesuras de Tarcísio, que, aliás, já tinha ouvido algumas vaias da plateia durante o evento organizado pelo governo federal.

Coube a Lula, em boa hora, puxar a orelha de seus correligionários: "O governador merece ser tratado com muito respeito nas atividades públicas que nós fazemos".

Mais uma banalidade da qual muitos pareciam ter-se esquecido: adversários merecem respeito, mesmo que continuem adversários. E é precisamente esse o caso.

Lula e Tarcísio sabem que a aproximação litorânea não implica pensar da mesma maneira. O governador fez questão de lembrar que continua sendo um liberal, enquanto o petista sublinhou a importância de saber respeitar as diferenças.

Também sabem que o acordo não formou nenhuma aliança de outra natureza. O governador de São Paulo é um dos principais nomes do campo bolsonarista e, em 2026, disputará a eleição contra o PT —seja como candidato ao Planalto, seja em busca da reeleição.

Oxalá os dois mantenham até lá o espírito que mostraram em Santos.

editoriais@grupofolha.com.br

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