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O que a Folha pensa Banco Central

Galípolo paga pedágio por falatório de Lula

Provável chefe do BC em 2025, diretor dá mostras de ortodoxia ante demagogia do petista; credibilidade dependerá de ação

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Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central - Gabriela Biló - 4.jul.23/Folhapress

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Tido como mais provável indicação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, deu declarações que chamaram a atenção pela ortodoxia na análise dos riscos inflacionários e na disposição de tomar eventuais medidas necessárias.

Na semana passada, em palestra, destacou que a projeção oficial de um IPCA acumulado de 3,2% nos 12 meses encerrados em março de 2026 é tratada no BC como "acima da meta" —e, portanto, um motivo para elevar os juros.

A avaliação é algo surpreendente, em especial para um indicado pelo governo petista. Mesmo para um dirigente mais conservador, a diferença entre o número esperado e a meta de 3% ao ano poderia ser considerada menos digna de nota.

Galípolo também se alinhou entre os membros do Comitê de Política Monetária que consideram haver mais riscos de alta do que chances de queda da inflação, qualificando o atual cenário econômico como "desconfortável".

Não se sabe quantos dos oito demais membros do colegiado pensam da mesma maneira, mas o diretor afirmou que todos se declaram prontos a fazer o que for preciso para levar a variação de preços aos limites perseguidos.

Já na segunda (12), reforçou a mensagem ao dizer que a possibilidade de elevar a taxa Selic, hoje em pesados 10,5% anuais, está, sim, "na mesa" do Copom.

Venha ou não a ser o escolhido para o comando do BC, Galípolo claramente faz um trabalho preventivo para aplacar as incertezas gerais em relação à política monetária a partir do próximo ano, quando a cúpula da instituição terá maioria indicada por Lula.

O presidente da República, afinal, fez sucessivos ataques à autonomia do BC, aos juros e até às metas de inflação, a seu ver, ambiciosas demais. Despertou, assim, o temor de que o órgão se torne subserviente às preferências do Planalto —como ocorreu sob Dilma Rousseff (PT) e resultou em recessão profunda com inflação alta.

Difícil saber se Galípolo, que também abraçou posições heterodoxas no passado recente, tem real convicção sobre o que disse. De todo modo, o compromisso público assumido com a meta indica, no mínimo, um bem-vindo reconhecimento dos riscos a enfrentar.

Já se paga um pedágio, portanto, pelas manifestações demagógicas de Lula. A credibilidade, que reduz os custos do controle da inflação, dependerá das ações cotidianas.

editoriais@grupofolha.com.br

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