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Com queda do número de ouros nas Olimpíadas, COB deve rever alocação de recursos

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A ginasta brasileira Rebeca Andrade comemora a conquista da medalha de ouro, em Paris (França) - Gabriel Bouys - 5.ago.24/AFP

Os Jogos Olímpicos de Paris terminaram com recuo do Brasil no seu histórico de quadro de medalhas. Embora mantendo praticamente o mesmo número de pódios, o país acabou em 20º lugar na contagem de ouros, após a 13ª posição no Rio (2016) e a 12ª em Tóquio (2020). Distanciou-se da meta, traçada na década passada, de ficar entre os dez primeiros.

Como de praxe, o balanço oficial do Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi otimista, com explicações curiosas para algumas das medalhas não conquistadas —como as condições de vento e ondas.

Seria preferível que a entidade se dedicasse a entender as causas do problema e a alocar melhor seus recursos. Só de repasses às confederações foram previstos R$ 225 milhões, valor recorde, oriundo da arrecadação das loterias federais.

Chamaram a atenção o fraco desempenho da seleção masculina de vôlei, hegemônica em eventos anteriores, e a ausência de bons resultados na vela e na natação.

De positivo, o Brasil obteve bom número de pódios na ginástica artística e no judô. Notável também foi o desempenho da parcela feminina da delegação. Pela primeira vez, as mulheres ganharam mais medalhas do que os homens, incluídas as três de ouro conquistadas.

Na questão de gênero, as Olimpíadas de Paris deixaram um legado de avanço. Houve divisão quase equânime entre homens e mulheres no total de atletas, fruto da introdução de modalidades mistas no programa oficial.

Também foi perceptível o esforço contínuo do Comitê Olímpico Internacional para rejuvenescer o evento. Após o surfe e o skate, novidades de Tóquio (2020), o breaking chegou aos Jogos.

A redução de custo do evento também deve ser considerada. Paris desembolsou US$ 8,7 bilhões, pouco mais do que um terço do gasto do Rio em 2016. A melhoria da qualidade da água do rio Sena, ainda que aquém da idealizada, foi um dos frutos desse dinheiro.

O afastamento da Rússia do evento foi ainda mais radical, com a punição pela Guerra da Ucrânia. A disputa pelo topo do quadro de medalhas concentrou-se entre EUA e China, com vantagem do primeiro.

A chamada guerra cultural também se fez presente nos Jogos, com debates nas redes sociais sobre gênero e posição política dos atletas. Numa das repercussões mais esdrúxulas, o governo brasileiro se rendeu a pressões populistas, inclusive bolsonaristas, e isentou de imposto de renda a premiação recebida por medalhistas em Paris.

editoriais@grupofolha.com.br

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