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Francine Walsh

Refúgio ou perigo: a igreja e o abuso

Falhas, instituições precisam promover uma cultura de respeito e proteção

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Francine Walsh

Escritora e pedagoga, é especializada em psicopedagogia institucional; fundadora do ministério online Graça em Flor

A igreja deveria ser o refúgio mais seguro possível para as vítimas de violência, mas muitas vezes acaba se tornando um ambiente perigoso, no qual elas encontram julgamento e acusações em vez de ajuda.

Instituições eclesiásticas frequentemente falham ao lidar com casos de abuso sexual, negligenciando leis de proteção e recursos emergenciais —certas vezes por crenças deturpadas, e frequentemente por despreparo. Basta olharmos para as manchetes atuais e veremos que até mesmo líderes cristãos renomados são acusados de abuso, revelando um problema sistêmico que exige resposta urgente.

Movimentos como o #MeToo (Eu Também), que destacam a prevalência do abuso sexual dentro de instituições religiosas, deveriam nos chacoalhar para a realidade ao nosso redor. Não tardou para que os cristãos se juntassem a essa tendência e criassem sua própria hashtag, a #WeToo (Nós Também), sobre casos de assédio e violência sexual dentro das paredes das igrejas. Se cremos na Bíblia, cremos em um Deus que é justo e ama a justiça, conforme o Salmo 11:7. Tal cântico é sobre a forma como Deus observa, de seu santo trono, as ações dos filhos dos homens, recompensando-os de acordo com aquilo que merecem —essa é a definição de justiça.

A realidade do nosso próprio país é alarmante: a cada nove minutos, uma mulher é estuprada; a cada dois, uma sofre agressão sob a Lei Maria da Penha; e uma em três meninas será vítima de abuso antes dos 18 anos. A igreja precisa promover uma cultura de respeito e proteção às vítimas, reconhecendo a gravidade dessas questões e considerando que, estatisticamente, essas mulheres estão sentadas nos bancos das nossas congregações.

Pensando pelo outro lado da questão, a verdade é que o Evangelho nos revela a misericórdia e a justiça de Deus, e Jesus Cristo oferece, na cruz, redenção até aos pecadores mais profundos, o que inclui abusadores arrependidos. Entretanto, o perdão não nega o crime, mas busca justiça e proteção para as vítimas —inclusive através do divórcio, se necessário. E ainda que aceitar a misericórdia para abusadores seja uma luta, o Evangelho declara que todos precisamos da graça divina.

A Bíblia deixa muito claro que Deus valoriza a proteção de seus filhos acima de instituições humanas. Ele abomina opressão e abuso, e chama seus filhos a agir em amor e justiça. Transformar a igreja em refúgio verdadeiro requer enfrentar o pecado com coragem. Nossa esperança está na justiça de Deus na cruz, absolutamente. Mas também está na graça comum de um sistema judicial que protege os inocentes e pune os culpados. Que os filhos de Deus aprendam, o mais rápido possível, a beleza da justiça, que é basilar ao Evangelho.

O abuso, em suas diversas manifestações, é profundamente prejudicial à sociedade. Por isso podemos ter a certeza de que, embora muitos atos violentos não sejam punidos pelos sistemas humanos, haverá consequências. Nenhuma forma de agressão física, ameaça ou coerção passará impune. Quando a justiça divina for efetivada, todas as formas de mal serão eliminadas.

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