A escola e a lição de casa (parte 1)
Quem criou um ser que despreza alguém por ser bolsista?
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Urge ampliarmos políticas para a redução de danos da desigualdade, e há um alerta gigante para uma séria inclusão nas escolas particulares.
Faz-se necessário um banho de realidade antibolha na vida letiva desses meninos. Se a casa deles chama privilégio de mérito, a escola tem a obrigação de separar o joio e deter o que chamamos de barbárie. Chega de formar seres que veem na sociedade uma máquina de moer pobre numa corrida sádica de obstáculos, para que se danem pretos, gays, trans —os desgarantidos de cidadania. Já na pista burguesa não há empecilhos. "É tudo nosso", grita a mesa branca rica, julgando-se legítima dona do mundo.
Menino mimado cresce achando que é rei cujo pai compra até sua faculdade, sem ter que estudar. Esses seres estão expostos na galeria do autorretrato da sociedade ideal como exemplos. Se recebem em casa aula de não empatia, desprezo pelo outro, falcatruas em detrimento social e proveito próprio, onde aprenderão a paz coletiva? A aula da guerra é diária e prática. São os guris testemunhas aprendizes. Quem poderá detê-las? A escola pode. Tem autoridade e dever, por conta do princípio do bem comum.
Quando alunos de um colégio rico torturam psicologicamente um outro até que ele se mate, como foi o caso de um garoto de 14 anos, soa o alarme mais grave, que diz que é para parar tudo. Se a escola que educa para a vida não cuida disso, é desvio de função. Não é fácil, mas o difícil não pode justificar omissão.
Quem está criando essas pessoas que acham que ser gay, preto e periférico é defeito? Quem criou um ser que despreza alguém por ser bolsista? Um colégio não pode se abster de sua missão de educar para o bem. É papel letivo incluir com respeito e refletir criticamente sobre nossas contradições. Os mentores do ódio têm que ser reeducados, e os mestres convocados para que a escola não seja cúmplice do fim do mundo. O lar é uma sala de aula. É hora de perguntar: nossa casa dá aula de quê?
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