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Rosane Borges

Capitalismo canibal: quais as formas de oposição?

Fim de modelo exige, entre outras coisas, a superação do reducionismo econômico

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Rosane Borges

Jornalista, escritora e professora da PUC-SP e da USP

"Capitalismo Canibal" (ed. Autonomia Literária), de Nancy Fraser, é daquelas obras que chegam em hora oportuna com um título que consegue expressar a máxima "o conceito alcançou a realidade". A filósofa e feminista recoloca o capitalismo em cena, uma vez que, segundo ela, o termo esteve fora dos escritos dos pensadores marxistas nas últimas décadas.

O livro defende que "o capital está destruindo todas as esferas da vida, consumindo a riqueza da natureza, aprofundando o racismo, sugando a nossa capacidade de cuidar uns dos outros e destruindo a prática política". Todos esses tópicos compõem o cartão postal do nosso tempo e configuram o capitalismo do século 21.

A filósofa americana Nancy Fraser - Marvin Ester/Divulgação

Frente a um cenário tão infausto, que exige a ampliação da ideia de capitalismo, quais propostas se mostram à altura do nosso cotidiano? Como já disse em outros momentos, na escuta de cada época, mulheres negras e todos os habitantes das bordas do sistema vêm propondo outras formas de reconfiguração dos modos de produção, antevendo as catástrofes que começam arruinando as beiradas: "Da beirada se pode ver todo tipo de coisa que não se pode ver do centro. Grandes coisas, inimagináveis, as pessoas na borda veem primeiro" (Vonnegut).

A 2ª Marcha das Mulheres Negras, que será realizada em Brasília em 2025, dez anos depois da primeira, tem como tema "Por reparação e bem viver" e aponta, tal como o título do livro de Fraser, para uma designação que alcança a realidade. Ela insiste que o fim do capitalismo canibal exige, entre outras coisas, a superação do reducionismo econômico.

Em sua carta de princípios, a marcha traz como postulado a ideia de que a plataforma do bem viver, inspirada nos povos andinos, manufatura uma filosofia, um sistema de vida, uma proposta política que recusa, radicalmente, os princípios do capitalismo, da violação da vida e dos direitos. Eis aí uma forma de oposição a um capitalismo que canibaliza tudo e que insiste em não deixar nada de fora do seu apetite voraz e predador.

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