Moro não esteve comigo na campanha, diz Bolsonaro após pedido para cuidar de ministro
Ex-juiz da Lava Jato abriu mão da carreira para assumir um "superministério" no governo do presidente
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Em meio a um desgaste na relação com o ministro Sergio Moro (Justiça), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que o ex-juiz não esteve com ele durante a campanha eleitoral.
A mensagem foi escrita em resposta a um pedido de um apoiador por meio das redes sociais.
"Todo respeito a ele, mas o mesmo não esteve comigo durante a campanha, até que, como juiz, não poderia", escreveu Bolsonaro em sua conta do Facebook.
O comentário foi feito após um seguidor do presidente comentar uma publicação da rede social com a seguinte mensagem: "Jair Messias Bolsonaro, cuide bem do Ministro Moro, você sabe que votamos em um governo composto por você, ele e o Paulo Guedes", escreveu o eleitor.
Moro abriu mão de sua carreira da juiz, após ganhar repercussão nacional ao conduzir a Lava Jato em Curitiba, para assumir um "superministério" do governo Bolsonaro.
Desde que tornou-se ministro da Justiça, ele vem sofrendo uma série de desgastes, com declarações públicas do presidente que enfraquecem sua autonomia como ministro.
No sábado (24), Bolsonaro colocou em xeque a carta branca que disse que daria a Moro logo após sua escolha para o cargo de ministro.
"Olha, carta branca. Eu tenho poder de veto em qualquer coisa, se não eu não sou presidente. Todos os ministros têm essa ingerência minha e eu fui eleito para mudar. Ponto final", disse, ao deixar o Palácio da Alvorada.
O presidente disse não ter nenhum problema com Moro, em meio a um enfraquecimento do titular da Justiça. "Não tenho problema nenhum com o Moro. Cada hora levantam uma coisa. Uma hora era Marcelo Álvaro Antonio [Turismo], o Onyx [Casa Civil] também", disse.
Moro esteve nesta segunda-feira (26) na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, epicentro da crise entre o órgão e o presidente, e continuou em silêncio sobre os sucessivos movimentos de interferência de Bolsonaro na PF.
O ministro da Justiça esteve no prédio da superintendência por cerca de uma hora e meia e recusou-se a falar com a imprensa.
Há cerca de dez dias, Bolsonaro atropelou a Polícia Federal e anunciou a troca do superintendente do Rio, sugerindo até um nome para a mudança.
A interferência na PF é apontada internamente como a mais emblemática da falta de poder do ex-juiz no cargo atual, mas episódios com teor semelhante se acumularam ao longo de mais de oito meses de governo.
A PF é subordinada a Moro, que também se enfraqueceu com a divulgação de mensagens que mostram sua atuação em parceria com os procuradores em diferentes processos da Lava Jato e que colocaram em xeque sua atuação como juiz federal.
Moro ainda tem sofrido seguidas derrotas no Congresso, onde tramita o pacote de medidas anticrime encaminhado por ele no início do governo.
Quando confirmou o convite ao então juiz federal, em novembro de 2018, Bolsonaro disse em entrevistas que tinha combinado com Moro que ele teria "liberdade total" para atuar no combate à corrupção e ao crime organizado.
Colaborou Ana Luiza Albuquerque, do Rio de Janeiro
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