Descrição de chapéu Governo Bolsonaro Lava Jato

Sergio Moro aceita convite para Ministério da Justiça do governo Bolsonaro

Em nota, juiz da Lava Jato promete 'forte agenda anticorrupção'

Talita Fernandes Estelita Hass Carazzai Sérgio Rangel
Rio de Janeiro

O juiz Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (1º) convite para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito no domingo (28).

Responsável pela Lava Jato em Curitiba, Moro foi sondado para compor o ministério de  Bolsonaro ainda durante a campanha.

Moro conversou com Bolsonaro na manhã desta quinta no Rio, na casa do capitão reformado, na Barra da Tijuca. O magistrado é o quinto ministro confirmado pelo presidente eleito. Ele já anunciou: Paulo Guedes (Economia), general Augusto Heleno (Defesa), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). 

O juiz Sergio Moro em voo para o Rio de Janeiro para encontro com o presidente eleito, Jair Bolsonaro
O juiz Sergio Moro em voo para o Rio de Janeiro para encontro com o presidente eleito, Jair Bolsonaro - Estelita Hass Carazzai/Folhapress

Em nota, o futuro ministro tomou a decisão após uma reunião para discutir políticas para a pasta.

"Fiz com certo pesar, pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", disse Moro.

O Ministério da Justiça do governo Bolsonaro unificará a pasta da Segurança Pública —a quem a Polícia Federal está subordinada— e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), hoje ligado à Fazenda.

Moro chegou ao Rio às 7h30 desta quinta e saiu do aeroporto escoltado pela Polícia Federal.

Antes de se reunir com Bolsonaro, tomou café em uma sala reservada em hotel de luxo da Barra da Tijuca, a poucos metros da casa do capitão reformado.

Ele chegou para o encontro por volta de 9h e conversou por cerca de duas horas com o presidente eleito. O encontro foi acompanhado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi o responsável por fazer a primeira sondagem a Moro, ainda durante a campanha.

O magistrado tentou falar na saída, mas foi impedido pela multidão que se formou na porta do condomínio formada por apoiadores e jornalistas.

Poucos minutos depois, ele distribuiu uma nota, assinada com a data desta quinta, com localização de Curitiba, cidade onde mora.

A Operação Lava Jato seguirá com os juízes de Curitiba. Moro afirmou que se afastará das novas audiências e que mais detalhes serão fornecidos em coletiva de imprensa na próxima semana. Ele já não participará de audiência com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo dia 14, que deverá ficar a cargo da juíza substituta Gabriela Hardt. 

O novo titular definitivo da Lava Jato ainda será definido.

Em mensagem no Twitter, Bolsonaro disse que "a agenda anticorrupção, anticrime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis, será o nosso norte!".

Depois de deixar a casa do presidente eleito, Moro foi ao Gávea Golf Country Club, em São Conrado, onde teve um breve almoço com Guedes.

Ele deixou o local sem falar com a imprensa e foi direto ao aeroporto Santos Dumont para voltar a Curitiba.

No voo de volta a Curitiba, Moro foi aplaudido pelos passageiros no momento da decolagem, com gritos de “boa sorte” e “parabéns, ministro”. Alguns o cumprimentaram, disseram admirar seu trabalho e o desejaram sorte no ministério. “Agora, vai”, disse um. “Vamos ver”, respondeu o juiz.

Alguns se dirigiram a ele como “ministro”, ao que ele replicou: “Ainda não”. 

Ele não quis tirar fotos com ninguém, nem responder a perguntas da Folha no momento do embarque. 

Mas brincou com a reportagem que um dos planos no ministério, para aprimorar investigações da Polícia Federal, é promover o uso de agentes infiltrados. “Vou convidar os jornalistas”, comentou, em tom de galhofa. 


Leia na íntegra a nota enviada pelo juiz Sergio Moro:

 

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes."

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