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Após denúncia, Alckmin deixa posto de coordenação na campanha de Bruno Covas

Ex-governador ficaria responsável pelo plano de governo; saída é lamentada por tucanos

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São Paulo

A denúncia contra o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) o tirou da equipe da campanha do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição no pleito deste ano.

Nesta quinta (23), o braço eleitoral da Lava Jato o acusou de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral (caixa dois).

Os tucanos ex-governador Geraldo Alckmin, o prefeito Bruno Covas e o governador João Doria - Thais Bilenky/Folhapress

Alckmin havia sido escalado para coordenar o programa de governo de Covas. O anúncio do PSDB municipal seria feito na última quinta-feira (16), quando o partido foi surpreendido pelo indiciamento do ex-governador pela Polícia Federal.

Ainda assim, na ocasião, Alckmin se manteve no posto, apesar de pressão de setores do PSDB para que ele deixasse a campanha de Covas. Foi só com a denúncia, na manhã desta quinta, que o ex-governador telefonou ao prefeito para dizer que não mais faria a coordenação do programa de governo e que precisava se dedicar a sua defesa.

Em entrevista à imprensa, Covas afirmou que o afastamento de Alckmin foi a pedido do ex-governador. "Ele mesmo pediu para que possa se focar na sua defesa para se afastar da campanha, pediu que entendesse esse momento. [...] Tenho certeza que ele vai comprovar a inocência dele", disse o prefeito. ​

A equipe de Covas ainda não definiu um novo nome para gerenciar as propostas de governo. A coordenação-geral da campanha está a cargo de Wilson Pedroso, secretário particular do governador João Doria (PSDB).

Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, Alckmin recebeu R$ 2 milhões em espécie da Odebrecht na campanha ao governo de 2010 e R$ 9,3 milhões quando disputou a reeleição, em 2014. A defesa de Alckmin diz que as conclusões do inquérito são apressadas e infundadas.

Aliados do prefeito avaliam que, apesar do desgaste da denúncia, a saída de Alckmin é uma perda para a campanha e que sua experiência elevaria a discussão sobre o programa de governo.

Alckmin foi candidato a prefeito de São Paulo duas vezes e governou o estado por quatro mandatos. Em 2018, teve menos de 5% dos votos como candidato à Presidência da República.

O ex-governador vem recebendo apoio de colegas do partido desde que a investigação veio à tona na semana passada. Nos bastidores, tucanos veem a denúncia contra Alckmin, baseada em delações da Odebrecht, como mais frágil em relação à apresentada contra o senador José Serra (PSDB) também neste mês sob acusação de lavagem de dinheiro.

Há quem aposte que o desgaste busca desidratar Alckmin para 2022, quando ele poderia concorrer novamente ao Planalto ou mesmo ao Governo de São Paulo ou ao Senado. Mesmo afastado dos holofotes, o médico que agora se dedica a um curso de pós-graduação não deu por encerrada sua carreira política.

A possibilidade de retorno de Alckmin, porém, ofusca os planos de Doria, que pretende ser indicado pelo PSDB para concorrer à Presidência em 2022. Para seu lugar, o atual governador paulista quer eleger seu vice, Rodrigo Garcia (DEM).

Alckmin foi padrinho político de Doria ao lançá-lo candidato a prefeito de São Paulo em 2016. Depois da derrota de Alckmin em 2018 e das tentativas de Doria de se alçar à Presidência, no entanto, o relacionamento se desgastou.

Doria não se pronunciou a respeito da denúncia contra Alckmin. Na ocasião do indiciamento, afirmou que a trajetória do ex-governador "é marcada pelo compromisso com valores éticos e dedicação à causa pública​" e que ele saberia esclarecer "os pontos levantados sobre doações de campanha eleitoral".

O diretório estadual do PSDB, porém, que é ligado a Doria, emitiu nota nesta quinta-feira reiterando a "confiança na idoneidade" de Alckmin, que tem "40 anos de vida pública, postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir".

Entre aliados de Covas, as recentes investidas do Ministério Público e da Polícia Federal contra Alckmin e Serra têm sido associadas à campanha municipal deste ano.

Em São Paulo, a equipe de Covas considera ter chances de vitória no primeiro turno e até cogita a formação de uma chapa 100% tucana.

Até agora, os adversários de Covas lançados pelo campo da esquerda são Márcio França (PSB), Jilmar Tatto (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Orlando Silva (PC do B). À direita, o prefeito enfrenta Joice Hasselmann (PSL), Andrea Matarazzo (PSD), Filipe Sabará (Novo) e Arthur do Val (Patriota).

A denúncia contra Alckmin, após o indiciamento pela Polícia Federal há uma semana, é o quarto baque seguido na imagem do PSDB. No último dia 3, o Ministério Público Federal denunciou Serra e sua filha Verônica sob acusação de lavagem de dinheiro.

O senador é acusado de receber valores da Odebrecht por meio de offshores no exterior em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul.

​Na terça (21), a Polícia Federal deflagrou uma operação ligada à suspeita de caixa dois na campanha de Serra nas eleições de 2014, quando ele se elegeu ao Senado. Ele sempre negou ter cometido irregularidades.

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