Zema diz que não foi convidado para evento com Lula; Planalto rebate

Governo de MG e Presidência entram em guerra de versões sobre evento no estado

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Recife, Brasília e Nova Lima (MG)

A viagem do presidente Lula (PT) a Nova Lima (MG) criou uma guerra de versões entre o governo federal e o governador mineiro Romeu Zema (Novo), que alega não ter sido convidado para participar dos eventos.

O Governo de Minas afirma não ter recebido nenhum email formal por parte da Presidência da República convidando o governador mineiro, que é adversário político de Lula e potencial candidato ao Planalto em 2026.

Por outro lado, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) afirma que o evento é realizado pela empresa Biomm –não pela Presidência–, que teria convidado Lula e Zema. Mesmo assim, o cerimonial da Presidência diz que entrou em contato com o gabinete do governador, que teria confirmado a ausência de Zema.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro encontro entre os mandatários, no dia 8 de fevereiro em Belo Horizonte - Ricardo Stuckert/Presidência da República

O Governo de Minas Gerais afirmou em nota que não houve nenhum convite, seja ele formal ou informal, para a participação de Zema. "Também não houve nenhum contato informal com a Secretaria Executiva do Governador para comunicação da agenda", diz o governo estadual.

A Presidência da República, por sua vez, afirma que a Biomm enviou um convite para o gabinete do governador no dia 16 deste mês, ouvindo como resposta que Zema não poderia participar e que seria representado pela secretária-adjunta de Saúde, Poliana Lopes.

O cerimonial então afirma ter entrado em contato com o gabinete de Zema –rebatendo a versão do governador mineiro– e que foi confirmada a ausência dele no evento.

A reportagem procurou a empresa e aguarda resposta.

A situação se contrasta com a ida de Lula a Minas Gerais em março. Na ocasião, o presidente visitou Serra do Salitre, no interior do estado, e estava acompanhado de Zema. Em discurso, Lula chegou a dizer que não pergunta a governadores para qual time eles torcem no estado.

Zema tem afinidade com Jair Bolsonaro (PL), tendo participado do ato a favor do ex-presidente na avenida Paulista, em São Paulo, em fevereiro.

Lula tem afirmado publicamente que busca manter diálogo com todos os entes federados, mesmo aqueles mais ligados à oposição. Por isso busca convidar todos os governadores dos estados onde vai anunciar a obra.

Também tem adotado uma posição de evitar que seus apoiadores vaiem os governadores adversários. Em um caso recente, o presidente buscou parar as vaias à vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), se levantando e se colocando ao lado dela, enquanto ela discursava.

A mesma postura já havia sido adotada em viagem a Pernambuco, quando o público hostilizava a governadora Raquel Lyra (PSDB).

No ano passado, durante a sua live Café com o Presidente, Lula havia afirmado que pretendia ir a Minas Gerais e São Paulo com ou sem a presença dos governadores adversários, respectivamente Zema e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os eventos eram ligados ao governo federal, que emprestaria recursos para os projetos.

"Eu quero ver se na outra semana eu consigo ir a Minas Gerais e a São Paulo, para discutir os investimentos do estado de São Paulo. Vamos tentar fazer um ato, vamos tentar a participação do governo do estado. Se [Tarcísio] quiser participar, se não quiser participar, a gente fará o ato do mesmo jeito", afirmou, em agosto do ano passado.

"Mas, como nós somos civilizados, nós vamos fazer e convocar o governador, porque é importante ele estar, porque os compromissos que nós vamos assumir são com eles também. Se vamos emprestar dinheiro do governo federal, do BNDES, para fazer a ferrovia Campinas-São Paulo, nós queremos que o governador esteja presente, afinal de contas é o estado de São Paulo que vai fazer", completou.

Essa é a terceira visita de Lula a Minas Gerais em 2024. Além de Serra do Salitre, o petista foi a Belo Horizonte em fevereiro para anúncios de investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no estado.

Desta vez, Lula participa da cerimônia de inauguração da planta de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O evento marca o início da produção do hormônio no país por uma empresa nacional e tem potencial para atender 1,9 milhão de pacientes, segundo o governo federal.

A inauguração também foi marcada pela presença de pré-candidatos à prefeitura de Belo Horizonte que disputam o apoio do presidente Lula na capital mineira.

Além do atual prefeito, Fuad Noman (PSD), também circularam pelo evento o deputado federal Rogério Correia (PT) e as deputadas estaduais Ana Paula Siqueira (Rede) e Bella Gonçalves (PSOL).

À tarde, o presidente visitou o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, do Comando da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP), onde defendeu que o Brasil tenha uma indústria de defesa forte, não para se preparar para uma guerra, mas para evitar a guerra e construir um ambiente de paz.

"Nós precisamos ter uma indústria de defesa muito forte para que a gente não fique dependendo de ninguém. Um país do tamanho do Brasil não pode ficar dependendo de tecnologias de países inferiores ao Brasil", disse a uma plateia composta por integrantes da Aeronáutica e estudantes do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

"Nós temos que criar tudo o que for possível criar para, em vez de a gente ser dependente, as pessoas ficarem dependentes de nós. É esse aviso que eu queria dar para vocês. Nós temos condições de ser uma grande nação na área da defesa para construir a paz, não para fazer guerra", completou.


Colaborou Stéfanie Rigamonti

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