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Lula e Ciro se encontram e ensaiam reaproximação, mas sem tratar da eleição de 2022

Líderes políticos falaram da necessidade de união da esquerda diante do presidente Jair Bolsonaro

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Rio de Janeiro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ensaiaram uma reaproximação em encontro ocorrido em setembro, na sede do Instituto Lula, em São Paulo.

Afastados desde as eleições de 2018, quando fracassou a tentativa de acordo eleitoral para a Presidência, os dois falaram da necessidade de união da esquerda após a vitória do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas não chegaram a traçar planos conjuntos para as eleições de 2022.

Ciro Gomes e Lula, em 2002 - Eduardo Knapp - 12.10.2002/Folhapress

Revelada pelo jornal O Globo, a reunião que consumiu uma tarde inteira foi confirmada pela Folha. O encontro foi intermediado pelo governador do Ceará, Camilo Santana (PT), então preocupado com o clima entre os dois partidos no estado.

O governador petista defende um pacto de não agressão no Ceará, onde PDT e PT são adversários na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.

Antes de consumado o encontro, Ciro costumava relatar que se dispunha a conversar a pedido de Camilo, um dos participantes do encontro.

Segundo o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que acompanhou a negociação à distância, Ciro repetia que Camilo estava muito preocupado com o cenário político.

“O foco é o Ceará”, disse Lupi, sem descartar a costura, a partir dessa conversa, de acordos pontuais entre os dois partidos no segundo turno das eleições municipais.

Segundo relatos, Lula e Ciro lamentaram o esgarçamento da relação entre os dois. Ciro se queixou dos ataques de parte do PT. Um dos pontos de atrito foi a articulação do PT para inviabilizar a aliança do PSB com o PDT nas eleições presidenciais de 2018.

Ciro viajou após derrota no primeiro turno e se recusou a apoiar a candidatura de Fernando Haddad (PT) no segundo turno contra o então candidato Bolsonaro. Hoje, tanto Lula como Ciro reconhecem que a falta de união garantiu a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.

Em terceiro lugar nas eleições daquele ano, Ciro permaneceu em Paris ao longo de toda a campanha do segundo turno. O afastamento do candidato do PDT frustrou os planos do PT de tê-lo como aliado na disputa de Haddad contra Bolsonaro.

Houve a expectativa de que Ciro gravasse um vídeo para a campanha do segundo turno, mas Carlos Lupi, presidente do PDT, logo frustrou a ideia. Ele disse que respeitava a atitude de Ciro em não apoiar formalmente Haddad. "O PT nos machucou muito também", disse ele.

Após a vitória de Bolsonaro, Lula se pronunciou contra as acusações de que a vitória do candidato do PSL tinha sido culpa do PT. "O Ciro viaja para Paris, o Fernando Henrique Cardoso anula o voto e eles vêm dizer que PT elegeu Bolsonaro? Tenha dó", afirmou o ex-presidente.

Na manhã desta quinta-feira (29), após a revelação de seu encontro com Lula, Ciro publicou nas redes sociais um texto em que prega o impeachment de Bolsonaro, a quem chamou de genocida e irresponsável, para proteger a democracia e punir seus reiterados crime de responsabilidade.

Na mensagem, Ciro defende a busca de "alternativas de mudanças ao modelo econômico para reverter a maior crise socioeconômica da história brasileira e proteger o patrimônio nacional contra a entrega corrupta a barões locais e potências estrangeiras".

"Ao redor desses valores, considero-me mais que autorizado, sinto-me obrigado a construir, no que estiver ao meu alcance, o diálogo possível com quem for necessário para proteger a nação brasileira", acrescentou.

Ciro disse ainda que trabalha pela eleição de prefeitos e vereadores capazes de mitigar a gravíssima extensão da crise. Ele lembrou ainda que, para as eleições municipais, o PDT construiu alianças como partidos de centro-esquerda. Ciro não citou Lula nem o PT nessa postagem.

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