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Câmara de SP vê avanço da esquerda e eleição de aliada de Bolsonaro; confira a lista com os 55 nomes eleitos

No impulso do crescimento de Boulos, PSOL triplica bancada; MBL também cresce na Casa

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São Paulo

Na esteira da ida de Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno, a esquerda teve crescimento na Câmara Municipal de São Paulo.

Mesmo com uma das piores votações da Casa, a candidata do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também conseguiu uma vaga na casa. Outros candidatos ligados a este grupo, porém, ficaram de fora.

A junção da esquerda com uma direita contrária ao PSDB, que perdeu quatro cadeiras na casa, pode dificultar a vida de uma eventual gestão Bruno Covas (PSDB). Por outro lado, se Boulos for eleito, apesar do aumento da esquerda, haveria dificuldade ainda maior, pois, no saldo final, a maioria da Câmara pende mais para a direita.

Dos 55 vereadores, 21 deles são novos, um índice de renovação na casa de 38%.​

O partido de Boulos triplicou a quantidade de vereadores, passando de dois para seis parlamentares. O PT, embora tenha tido uma derrota histórica na eleição majoritária, se manteve como uma das principais forças do Legistativo municipal, impulsionado de novo por Eduardo Suplicy e também vereadores com território eleitoral na zona sul.

Pelo PSOL, entre as novidades estão dois mandatos coletivos, Quilombo Periférico e Bancada Feminista, além de uma vereadora transgênero, Erika Hilton. A outra novata da bancada é Luana Alves, que se junta aos já vereadores Celso Gianazzi e Toninho Vespoli.

A bancada do partido também trouxe mais diversidade de gênero e cor à Câmara. Das seis vagas, contabilizando apenas o responsável oficial pelo mandato no caso de coletivos, quatro são mulheres, três são negras e uma delas transgênero.

Luana Alves afirma que a eleição da bancada representa um processo social que demonstra insatisfação popular com o governo do PSDB e também o engajamento político da população periférica. "Cada vez mais a juventude se entende como antirracista e feminista", diz ela.

Na sua visão, a diversidade da bancada reflete também uma apropriação da população periférica da esfera partidária, que, muitas vezes, é vista como um lugar não aberto a essa parcela da sociedade. Apesar da eleição do grupo, o eleitor do PSOL na atual eleição majoritária tinha um perfil mais de classe média e os dois vereadores com mandato atualmente são homens brancos.

Neste ano, 13 mulheres foram eleitas, duas a mais que na última eleição, em 2016, quando foram 11. Em 2012, haviam sido apenas 5 mulheres eleitas.

As apostas de renovação no PT, por sua vez, também ficaram de fora. Os oito vereadores do partido já atuam na Câmara, com a exceção de Reis, que não se reelegeu, sendo a única baixa entre os petistas.

Se Covas confirmar o favoritismo dos cenários para o segundo turno, ele teria mais trabalho do que atualmente, uma vez que os partidos de esquerda que geralmente não votam com sua gestão teriam uma bancada ampliada de 11 para 14 dos 55 vereadores.

O PT e o PSOL são os partidos que fazem oposição mais ferrenha ao PSDB, embora haja outros partidos que podem ser vistos como centro esquerda, como PSB e Cidadania. Com desempenho pior neste ano, siglas que, em São Paulo, nem sempre seguem bandeiras vistas como de esquerda.

Ficou de fora Soninha Francine (Cidadania), que havia sido eleita em 2016, foi para o governo Doria como secretária da Assistência Social e foi demitida em vídeo poucos meses após assumir o cargo. Desta vez, ela teve 13.333 votos e ficou de fora.

Após quatro mandatos consecutivos, Police Neto (PSD) não conseguiu se eleger neste ano. Forte atuante na Casa, ele chegou a ser presidente do legislativo municipal em 2011 e 2012. Neste ano recebeu 21.605 votos, mas não foi suficiente.

Na direita mais extremada, Sonaira Fernandes (Republicanos) conseguiu ser eleita. Ela participou de lives com o presidente Jair Bolsonaro e também com seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, de quem foi assessora. Ela também foi do gabinete do deputado estadual Gil Diniz.

Apesar da campanha de peso, ela ficou em 52º lugar entre os eleitos, abaixo de outros candidatos com maior votação excluídos pelo quociente eleitoral.

Outra aposta deste grupo era Edson Salomão, do PRTB, que trabalhava com o deputado estadual Douglas Garcia. Tanto Diniz como Garcia foram expulsos do PSL e são suspeitos de participar do chamado gabinete do ódio.

Irmão da bolsonarista Carla Zambelli, Bruno Zambelli também não foi eleito, assim como Clau de Luca, também do PRTB. Ela até ganhou vídeo de Bolsonaro, mas não conseguiu.

No campo da direita antibolsonarista, candidatos ligados ao Movimento Brasil Livre subiram de um para três neste mandato. Além de Fernando Holiday, que se reelegeu, o Rubinho Nunes e Marlon do Uber também chegam à Câmara, todos pelo Patriota.

Rubinho dá sinais de como a vida de qualquer um dos candidatos será difícil se depender da bancada. "Nós vamos ser oposição independente de quem seja o prefeito. Não apoiamos o Covas nem o Boulos", diz ele. "É um crescimento bom para o movimento, que mostra a aceitação das pessoas ao nossos ideais", diz ele.

Na visão de Rubinho, o crescimento de Arthur do Val, membro do MBL e do partido, também ajudou no aumento da bancada que, segundo ele, terá foco na fiscalização da corrupção.

Marlon do Uber ficou famoso nas redes sociais por mostrar o dia a dia de motoristas de aplicativo. Ele tem um canal no YouTube com 610 mil inscritos, além de 139 mil seguidores no Instagram.

Seu mandato deve protagonizar embates com vereadores ligados a taxistas, como Adilson Amadeu (DEM), que tentou proibir o funcionamento do Uber na cidade ou diminuir a frota de carros por aplicativo.

Entre os mais votados, também no campo da direita, foi eleito o delegado Marcos Palumbo (MDB), com a terceira maior votação, 118.395 votos. Influencer com quase meio milhão de seguidores no Instagram, foi eleito com discurso duro na área da segurança pública e fez campanha defendendo o que chama de “direitos das vítimas” e pedindo mais punição aos bandidos.

Palumbo ficou atrás apenas de Eduardo Suplicy e Milton Leite (DEM). Leite, um cacique local do DEM com influência no governo estadual e municipal, mantém o seu poder. O partido elegeu seis vereadores, mesma quantidade de vereadores da sigla hoje na Câmara --embora a legenda tenha eleito quatro, ganhou mais dois ao longo da legislatura.

A legislatura também trará sobrenomes já conhecidos. Uma das famílias políticas mais tradicionais da cidade, os petistas Tatto não conseguiram fazer decolar a candidatura para prefeito do ex-secretário dos Transportes Jilmar Tatto, que amargou um sexto lugar, mas estarão na Câmara Municipal com Jair Tatto e Arselino Tatto.

Em dobro na legislatura também estarão os Tripoli, Xexéu, eleito pela primeira vez em 2016, e Roberto na Câmara desde 1989, mas que estava fora desde 2015, quando foi para a Alesp. O primeiro é filiado ao PSDB e o segundo ao PV, e ambos têm nos direitos dos animais uma pauta preferencial, que tem mantido a família em evidência na cidade nas últimas décadas.

Entre as bancadas o PT divide a liderança com o PSDB, cada um com oito. Enquanto o PT perdeu apenas uma cadeira, o PSDB perdeu três, na comparação com 2016, e quatro na comparação com a bancada atual.

Atrás, as maiores bancadas são DEM (6), PSOL (6), Republicanos (4), MDB (3), Patriota (3), Podemos (3), PSD (3), Novo (3), PL (2), PSB (2), PP (1), PSC (1), PSL (1), PTB (1) e PV (1).

*

VEJA A LISTA DOS VEREADORES ELEITOS

  1. Eduardo Suplicy (PT) - 167.552 votos
  2. Milton Leite (DEM) - 132.716 votos
  3. Delegado Palumbo (MDB) - 118.395 votos
  4. Felipe Becari (PSD) - 98.717 votos
  5. Fernando Holiday (Patriota) - 67.715 votos
  6. Erika Hilton (PSOL) - 50.508 votos
  7. Silvia da Bancada Feminista (PSOL) - 46.267 votos
  8. Roberto Tripoli (PV) - 46.219 votos
  9. Thammy Miranda (PL) - 43.321 votos
  10. André Santos (Republicanos) - 41.584 votos
  11. Rute Costa (PSDB) - 41.546 votos
  12. Eduardo Tuma (PSDB) - 40.270 votos
  13. Sansão Pereira (Republicanos) - 39.709 votos
  14. Luana Alves (PSOL) - 37.550 votos
  15. Atilio Francisco (Republicanos) - 35.345 votos
  16. João Jorge (PSDB) - 34.323 votos
  17. Faria de Sá (PP) - 34.213 votos
  18. Carlos Bezerra Jr. (PSDB) - 34.144 votos
  19. Rubinho Nunes (Patriota) - 33.038 votos
  20. Eli Corrêa (DEM) - 32.482 votos
  21. Donato (PT) - 31.920 votos
  22. Rodrigo Goulart (PSD) - 31.472 votos
  23. Alessandro Guedes (PT) - 31.124 votos
  24. Janaína Lima (Novo) - 30.931 votos
  25. Adilson Amadeu (DEM) - 30.549 votos
  26. Tripoli (PSDB) - 30.495 votos
  27. Jair Tatto (PT) - 29.918 votos
  28. Celso Giannazi (PSOL) - 28.535 votos
  29. Dra Sandra Tadeu (DEM) - 28.464 votos
  30. Juliana Cardoso (PT) - 28.402 votos
  31. Toninho Vespoli (PSOL) - 26.748 votos
  32. Marlon do Uber (Patriota) - 25.643 votos
  33. George Hato (MDB) - 25.599 votos
  34. Aurélio Nomura (PSDB) - 25.316 votos
  35. Senival Moura (PT) - 25.311 votos
  36. Alfredinho (PT) - 25.159 votos
  37. Arselino Tatto (PT) - 25.021 votos
  38. Fábio Riva (PSDB) - 24.739 votos
  39. Isac Félix (PL) - 23.929 votos
  40. Camilo Cristofaro (PSB) - 23.431
  41. Ricardo Teixeira (DEM) - 23.280 votos
  42. Edir Sales (PSD) - 23.106 votos
  43. Ely Teruel (PODE) - 23.084 votos
  44. Marcelo Messias (MDB) - 23.006 votos
  45. Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) - 22.742 votos
  46. Gilberto Nascimento Jr. (PSC) - 22.659 votos
  47. Eliseu Gabriel (PSB) - 21.122 votos
  48. Dr Milton Ferreira (PODE) - 20.126 votos
  49. Sandra Santana (PSDB) - 19.591 votos
  50. Danilo do Posto de Saúde (PODE) - 19.024 votos
  51. Cris Monteiro (Novo) - 18.085 votos
  52. Sonaira Fernandes (Republicanos) - 17.881 votos
  53. Paulo Frange (PTB) - 17.796 votos
  54. Missionário José Olimpio (DEM) - 17.098 votos
  55. Rinaldi Digilio (PSL) - 13.673 votos

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