Bolsonaro diz que jornalistas agredidos na BA não foram atacados e chama caso de 'cascata'
Profissionais de TVs foram atingidos por segurança; Globo afirma que repórter de afiliada recebeu 'mata-leão'
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta terça-feira (14) que seu segurança tenha agredido jornalistas em evento na Bahia no último domingo (12) e chamou o episódio de "cascata".
"A imprensa agora está acusando que o meu pessoal ofendeu jornalista lá na Bahia. Mostra as imagens", disse o presidente a apoiadores no Palácio da Alvorada.
"A mulher da Globo deu uma pancada num colega meu lá da segurança lá...[A jornalista] fez corpo de delito? Não fez nada, pô. Só cascata."
Eleitores do presidente, no cercadinho em frente ao Alvorada, concordavam com o que ele dizia. Uma mulher classificou o episódio como "absurdo".
A declaração do chefe do Executivo se deu enquanto ele comentava que "de vez em quando" é sem educação. "Sou mesmo, mas não com o povo", disse Bolsonaro, que em seguida falou do episódio de domingo.
Jornalistas das TVs Bahia e Aratu, afiliadas da Rede Globo e do SBT, respectivamente, foram agredidos por seguranças e um apoiador do presidente em Itamaraju, uma das cidades afetadas pelas enchentes no sul da Bahia.
As agressões, de acordo com comunicado da TV Globo, ocorreram no estádio Juarez Barbosa, onde o helicóptero utilizado pelo presidente pousou no domingo.
De acordo com a emissora, a repórter da TV Bahia foi vítima de uma "espécie de mata-leão" por um segurança da Presidência quando Bolsonaro caminhava pelo campo de futebol.
Outro foco de confusão ocorreu quando o presidente subiu na caçamba de uma picape em que desfilou na cidade. As imagens da TV mostram um segurança do presidente ameaçando o repórter da TV Aratu após o microfone resvalar em seu braço.
"Se bater de novo vou enfiar a mão na sua cara", disse ele. Em seguida, um apoiador do presidente puxou os microfones das duas equipes.
Em nota, a TV Globo afirmou que as agressões "mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo [Tribunal Federal], tendo como relator o ministro Dias Toffoli".
A nota faz referência à ação da Rede Sustentabilidade no Supremo para proibir o presidente Jair Bolsonaro de atacar ou incentivar ofensas ou agressões à imprensa e aos profissionais da área.
A emissora afirmou ainda que, "se os seguranças agem por conta própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão". "Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa", completou.
A Presidência da República não se manifestou oficialmente sobre o episódio.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou nota repudiando as agressões e afirmando que as autoridades precisam orientar a equipe de segurança do presidente para que respeitem o trabalho dos jornalistas, "pois lamentavelmente esse tipo de agressão vem se repetindo".
A relação do presidente com a imprensa foi conturbada por todo seu mandato. Durante a pandemia, os ataques se acentuaram. Chegou a dizer que a Folha não teria "moral" para perguntar. "Cala boca", disse à reportagem, em maio de 2020.
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