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Descrição de chapéu Eleições 2022

Eduardo Leite diz que não quer candidatura para congestionar terceira via

Governador do RS afirma que continua sem decisão sobre troca do PSDB pelo PSD e candidatura

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Porto Alegre

A filiação da ex-senadora e atual secretária estadual de relações federativas e internacionais do governo gaúcho, Ana Amélia Lemos (PSD), pode marcar um avanço na relação entre o governador Eduardo Leite (PSDB) e o partido que flerta com ele há mais de um mês e a decisão sobre uma candidatura à Presidência da República.

O presidente nacional Gilberto Kassab participou nesta quarta-feira (16) do evento de Ana Amélia, provável nome da legenda para o Senado, em Porto Alegre, e reforçou o coro por uma candidatura de Leite pela legenda —o governador também estava no palco do ato.

O governador gaúcho Eduardo Leite, a secretária e ex-senadora Ana Amélia Lemos e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em ato de filiação dela ao partido - Chico Santana/Divulgação PSD-RS

"Existe uma torcida enorme dentro e fora do PSD. Não é apenas o PSD que quer tê-lo como candidato a presidente, ele é uma enorme esperança para milhões de brasileiros que não estão contentes com a atual administração, mas também não querem voltar ao passado", disse Kassab.

A fala está afinada com as respostas de Leite a jornalistas, antes de outro evento, também nesta quarta, mas na Federasul (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul), onde ele discursou a uma plateia de empresários, com alguns de seus secretários presentes.

Leite repetiu que ainda não tomou uma decisão e deve usar todo o prazo de duas semanas que ainda tem pela frente para fechá-la.

"Vou usar a pista toda. Se eu tenho tempo para tomar uma decisão mais madura, eu não quero entrar nesse processo para congestionar a terceira via, eu quero entender qual a disposição de diversos atores, tentar construir entendimento e convergência, para que eu possa assumir uma posição de acordo com a responsabilidade que tenho hoje no país", afirmou.

Esta semana ele também se reuniu com tucanos como Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel (ambos de Minas Gerais, o senador Tasso Jereissati (CE) e com o presidente do partido Bruno Araújo, com quem disse ter conversado sobre o cenário eleitoral e trocado reflexões sobre o momento político atual.

Leite, que é filiado ao PSDB há cerca de 20 anos, o único partido de sua vida política, diz ter intensificado a relação com os colegas durante as prévias que disputou ano passado e que acabaram vencidas pelo atual governador de São Paulo João Doria.

Ele disse a jornalistas que deixar o governo do estado antes do fim do mandato é uma das partes dolorosas da decisão que enfrenta, mas que se sente em condições de liderar um projeto que enfrente a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), nomes que lideram as pesquisas.

"A herança que o Lula deixou não foi seu Pibão de 2010, foi uma matriz econômica, uma agenda econômica que conduziu o país ao abismo em 2015-2016, na mais profunda recessão da nossa história", defendeu.

Ele ressaltou ainda a dificuldade de outros nomes cotados para a chamada terceira via em superar a rejeição, já começando as campanhas com números a serem revertidos.

"Pesquisas, nesse momento, têm que ser analisadas muito mais pelo que a população diz que não quer do que aquilo que ela demonstra que quer. A rejeição é muito importante de ser analisada porque ela dá a noção sobre capacidade de crescimento".

Ao público presente no evento da Federasul, Leite disse que não tomará a decisão sozinho, que não tem problemas em apoiar outras pessoas desde os bastidores, mas que também se sente pronto a liderar.

No evento, ele fez uma apresentação sobre situação fiscal do estado durante seu governo, falou de privatizações e das reformas empreendidas, como na previdência e tributária —ele chegou a citar que mexeu na previdência de militares, sem enfrentar motins.

Questionado pela Folha se a presença no evento de filiação de Ana Amélia, secretária do seu governo, sinaliza uma decisão de apoio ao nome dela para o Senado, independente dos rumos que decidir nas eleições, o governador preferiu dizer que o gesto foi no sentido de abraçar uma liderança política que respeita e admira.

Ele lembrou que havia decidido que, se ela concorresse ao governo estadual em 2018, tiraria seu nome da disputa e apoiaria a candidatura dela —Ana Amélia foi candidata à vice-presidente naquele ano, ao lado de Geraldo Alckmin (então no PSDB), e Leite derrotou o então governador José Ivo Sartori (MDB) no segundo turno.

"Eu vejo com muitos bons olhos [a candidatura dela], mas é uma construção política que precisa ser feita com diversos partidos, inclusive com seu partido, PSD, e com os demais que devem compor aliança que vai representar nosso projeto nas urnas", explicou.

Ana Amélia, que foi senadora (2011-2019), disputou o governo estadual em 2014, e deixou o PP com uma carta em que abre afirmando que o partido dera "inúmeros sinais explícitos" que não desejava mais a sua permanência entre seus quadros. "Um sinal que vem de algumas lideranças, não de sua base. Não guardo mágoas", segue ela.

"Acho que é o melhor dos mundos essa possibilidade [a candidatura de Leite], e ficarei muito feliz, agora filiada ao PSD, que o governador aceite esse desafio gigantesco", afirmou Ana Amélia à Folha.

"Aí você tem uma perspectiva real de uma terceira via que possa se consolidar, porque a sociedade está esperando por isso."

Além dela, o PSD filiou em fevereiro outro secretário de Leite, Agostinho Meirelles, de Apoio à Gestão Administrativa e Política do Governo do Estado, conhecido como um dos principais articuladores políticos do governador.

Ana Amélia evitou responder se a sua filiação coloca o governador gaúcho um passo mais próximo do partido de Kassab.

"Não posso dizer, é meu desejo. Agora, entre o meu desejo e a decisão dele a distância é grande".

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