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Descrição de chapéu Eleições 2022

PSDB precisa evitar avanço do bolsonarismo em SP, diz deputada eleita do PSOL

Paula Nunes integra a Bancada Feminista, candidatura feminina mais votada na eleição para a Assembleia estadual

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São Paulo

Se algum dia a onda de mandatos coletivos pareceu estar em xeque, uma nova lufada veio esse ano com a proliferação do modelo entre postulantes ao Parlamento e, agora, com a eleição da Bancada Feminista, do PSOL de São Paulo, como a candidatura feminina mais votada para as Assembleias estaduais no pleito de domingo (2).

A partir do ano que vem, uma das cadeiras da Alesp será dividida entre cinco mulheres negras —a jornalista Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado; a cientista social Carolina Iara, que se identifica como mulher intersexo e travesti; as educadoras Mariana Souza e Sirlene Maciel; e a advogada criminalista Paula Nunes, que deu esta entrevista em nome do grupo.

Simone Nascimento, Carolina Iara, Paula Nunes, Mariana Souza e Sirlene Maciel, que compõem a Bancada Feminista, eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo - Reprodução/Instagram

Segundo ela, que já integrava uma bancada homônima de vereadoras na Câmara de São Paulo, a renovação nas eleições estaduais foi insuficiente.

Para Nunes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores jogam fora das regras democráticas. Por isso, ela defende que o governador Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado no primeiro turno, deve agir para evitar que o candidato bolsonarista no estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja eleito.

Quais são seus projetos prioritários para essa legislatura? Somos um mandato eleito com lutadoras de diversas áreas, representadas em diversos movimentos sociais.

Listamos como projetos prioritários como a educação para igualdade racial e de gênero nas escolas estaduais e Etecs; o auxílio emergencial pelo estado a mulheres vítimas de violência doméstica; as cotas trans nas universidades paulistas; a obrigatoriedade de uso de câmeras nos uniformes de todos os agentes de segurança; e, por fim, um projeto de lei para pensar um fundo de combate a tragédias socioambientais em São Paulo.

Qual avaliação faz sobre o resultado das eleições? Tínhamos esperança de que fosse possível que o Lula [PT] ganhasse no primeiro turno, mas vai se repetir a disputa de bolsonarismo e antibolsonarismo tanto em nível federal como no estado de São Paulo. A expectativa é que o segundo turno siga muito mobilizado.

Vimos um aumento do número de mulheres na Alesp, é um recorde, mas ainda muito baixo perto do eleitorado e das candidaturas femininas [serão 25 cadeiras de 70]. É um cenário de algumas mudanças, mas que mostra uma força do bolsonarismo, que é a maior surpresa e se vê no número estrondoso de parlamentares eleitos pelo PL.

A que atribui esse vigor do bolsonarismo? No lado bolsonarista existe uma força que, infelizmente, não joga o mesmo jogo que nós. Trabalha com notícias falsas, com a violência. Não joga o jogo da democracia.

A força do bolsonarismo está em trabalhar com um antipetismo muito forte e com o uso da violência no debate da segurança pública. Mas ainda que ele esteja revigorado no Legislativo, as tendências ainda mostram que o Lula pode ganhar as eleições. Ele ter sido o candidato mais votado é a principal vitória do nosso movimento no primeiro turno.

A renovação da Alesp neste ano foi de 40%, menor que na eleição de quatro anos atrás, quando foi de 60%. Como enxerga isso? Parte dessa renovação foi alguns partidos elegerem candidaturas ligadas a lutas de movimentos sociais. Falo sobre esses dois mandatos coletivos de mulheres negras, o nosso caso e o das Pretas [eleitas no mesmo estado], mas também sobre a eleição de uma empregada doméstica, liderança de um movimento de trabalhadores sem-teto, a Ediane Maria [PSOL-SP].

O PSOL conseguiu ser parte dessa renovação, que não é completa e não teria como ser. O jogo da política institucional favorece as pessoas que já têm mandatos. A Assembleia Legislativa é um espaço muito conservador, é uma Casa que expressa o poder da elite econômica. Mesmo com avanços, ainda não é a Casa dos nossos sonhos.

O próximo governador de São Paulo não vai ser do PSDB pela primeira vez em quase 30 anos. O que acha que isso significa? Na última eleição, esse governo do PSDB teve uma marca diferente. O Doria foi eleito com o 'Bolsodória' e, ao longo do mandato, rompeu com essa marca. Só que isso desidratou a popularidade dele.

Hoje Bolsonaro ocupa o lugar que já foi da direita tradicional, que se reivindicava democrática apesar de agir com truculência. O candidato do Bolsonaro [Tarcísio de Freitas] ter sido o mais votado do primeiro turno mostra isso.

Essa ruptura do PSDB com o governo Bolsonaro foi acertada, mas agora é importante entender a responsabilidade que Rodrigo Garcia e o partido vão ter diante dessa eleição. Ele ficou em terceiro lugar, mas não foi pouco votado. Tem um papel importante em determinar quem ganha essas eleições.

Espero que, assim como o PSDB tem sido um ponto de apoio na luta em defesa da democracia em outros locais, também seja aqui em São Paulo. Que não seja parte do movimento que pode eleger um governador bolsonarista por aqui.

No caso de uma eleição de Tarcísio, como espera que seja a interlocução do PSOL com ele? Nossa bancada quer se comportar como oposição frontal a qualquer avanço da extrema direita. Fico pensando o que teria acontecido no estado se o governador tivesse se comportado da mesma maneira do Bolsonaro na pandemia. Não queremos dar nenhum espaço para o avanço dessas ideias.

No caso de Fernando Haddad conseguir uma vitória inédita para o PT no estado, o PSOL deve fazer oposição ao governo ou integrar sua base de apoio? Vamos apoiar Haddad em tudo o que garanta melhora dos serviços públicos e da vida da população. Claro que, em eventuais casos de retiradas de direitos, nos posicionaremos ao lado das pessoas que têm seus direitos atacados. Mas espero que tenhamos possibilidade de diálogo e construção comum.

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