Siga a folha

Descrição de chapéu Liberdade de expressão

Relator do PL das Fake News e ministro da Justiça defendem agência regulatória para redes sociais

Texto atual do PL não há órgão regulatório, e governo resistia em propor a criação dessa instância

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro

O relator do projeto de lei das fake news, deputado Orlando Silva (PC do B-SP) mencionou, nesta segunda-feira (13) a necessidade de incluir na nova legislação de internet um órgão regulatório que aja paralelamente à autorregulação das plataformas, no que é conhecido como autorregulação regulada ou corregulação.

Com isso, as empresas estariam encarregadas de desenhar suas políticas e regras e aplicá-las, mas estariam sujeitas à supervisão de um órgão regulatório.

"A autorregulação das plataformas digitais se mostrou insuficiente para atender às necessidades do debate público. É necessário que a autorregulação se some à regulação", disse o deputado durante evento organizado pela FGV, Globo e IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa).

Ele sugere a autorregulação regulada nos moldes da lei alemã. "É inimaginável falar de regulação e não ter órgão regulador, que possa colocar em prática multas. Há que se ter mecanismo com atribuições regulatórias", afirmou.

Orlando Silva durante sessão no Congresso - Pablo Valadares-20.dez.22/Agência Câmara

No texto atual do PL (projeto de lei) 2630, conhecido como PL das Fake News, não há órgão regulatório, e o governo resistia em propor a criação dessa instância temendo que pudesse ser tachada de um "ministério da verdade" e dificultasse a aprovação das propostas.

No entanto, o ministro da Justiça, Flávio Dino, admitiu no mesmo evento a necessidade de criar na legislação uma agência reguladora para fiscalizar o cumprimento das novas regras.

Dino afirmou que a agência precisa "ter certos atributos de independência" e envolver a sociedade civil e agências de checagem, "mas com leveza". "Não pode ser a criação de um novo aparato burocrático pesado de difícil manejo porque se choca com a própria lógica da internet."

O relator do PL das Fake News enfatizou que a imunidade parlamentar e o pagamento das plataformas por conteúdo jornalístico precisam estar na nova regulação das redes.

O governo finaliza sua proposta de regulação que será discutida com Orlando ainda nesta semana, para incorporá-la no PL. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resiste à inclusão da extensão da imunidade parlamentar ao ambiente online.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), não abre mão da imunidade, que foi promessa de sua campanha para a reeleição na Câmara. O governo discute uma mudança na linguagem do PL que seja aceitável para o Congresso e o Executivo.

Já o pagamento por conteúdo jornalístico é anátema para as plataformas de internet, que resistem à medida e afirmam que ela servirá para financiar desinformação, uma vez que seria difícil determinar quem é realmente jornalista. Do outro lado, parte do Congresso e veículos de mídia apoiam a medida com o argumento de que o jornalismo profissional precisa ser remunerado.

Entenda o que está em discussão

Qual o debate sobre a regulação das redes sociais? Sob o impacto dos atos golpistas do 8 de janeiro, o governo Lula elaborou proposta de medida provisória que obriga as redes a removerem conteúdo que viole a Lei do Estado Democrático, com incitação a golpe, e multa caso haja o descumprimento generalizado das obrigações. Diante da resistência do Congresso, o Planalto recuou e discute incluir essas medidas do PL 2630, o chamado PL das Fake News.

O que é o Marco Civil da Internet? É uma lei com direitos e deveres para o uso da internet no país. O artigo 19 do marco isenta as plataformas de responsabilidade por danos gerados pelo conteúdo de terceiros, ou seja, elas só estão sujeitas a pagar uma indenização, por exemplo, se não atenderem uma ordem judicial de remoção. A constitucionalidade do artigo 19 é questionada no STF.

Qual a discussão sobre esse artigo? A regra foi aprovada com a preocupação de assegurar a liberdade de expressão. Uma das justificativas é que as redes seriam estimuladas a remover conteúdos legítimos com o receio de serem responsabilizadas. Por outro lado, críticos dizem que a regra desincentiva as empresas e combater conteúdo nocivo.

A proposta do governo impacta o Marco Civil? O entendimento é que o projeto abra mais uma exceção no Marco Civil. Hoje, as empresas são obrigadas a remover imagens de nudez não consentidas mesmo antes de ordem judicial. O governo quer que conteúdo golpista também se torne uma exceção à imunidade concedida pela lei, mas as empresas não estariam sujeitas à multa caso um ou outro conteúdo violador fosse encontrado na plataforma.

Como o Congresso tem reagido à discussão? Parte do Legislativo critica a proposta do Planalto por acreditar que a responsabilização levaria as empresas a se censurarem para evitar sanções. Além disso, são estudadas medidas como a criação de um órgão regulador para as plataformas e a imunidade parlamentar nas redes, ponto defendido por Arthur Lira, presidente da Câmara

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas