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Alckmin quer PSDB com Tabata e leva ex-tucanos para campanha da aliada

Vice-presidente incentiva busca de aliança do PSB com antigo partido e cita quadros e serviços prestados

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São Paulo

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) endossou a estratégia da correligionária Tabata Amaral de buscar o apoio do PSDB para sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Ele, que deixou o partido em 2021 após 33 anos, tem ajudado a deputada federal a se aproximar de quadros ligados à sigla.

"No que depender de nós, queremos estar juntos", disse Alckmin à Folha.

Tabata mantém negociações com o PSDB mesmo diante da possibilidade de o partido lançar a pré-candidatura a prefeito de José Luiz Datena. O apresentador estava no PSB e migrou em abril para o tucanato, em articulação com a deputada, inicialmente com a ideia de ser vice na chapa dela.

A pré-candidata a prefeita Tabata Amaral (PSB) com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) no evento para lançar os grupos de trabalho do plano de governo da deputada - Bruno Santos - 1.mai.24/Folhapress

Apesar de ter se distanciado do comando da legenda, o ex-governador paulista mantém ligação com políticos e gestores vinculados à velha guarda do PSDB e atuou para que alguns deles ajudem a elaborar o programa de governo da pré-candidata.

Alckmin rivaliza no âmbito local com o grupo do presidente Lula (PT), que apoia Guilherme Boulos (PSOL), mas tem evitado acirrar divergências. À reportagem ele disse, com seu estilo contido, que "é normal" cada um estar de um lado e que eleições municipais e nacionais "são coisas totalmente diferentes".

Aliados relatam que poucas vezes viram o vice-presidente tão entusiasmado com um projeto eleitoral. Ele, no entanto, está ausente da linha de frente das negociações com os tucanos. A tarefa ficou a cargo de Tabata e de auxiliares como Orlando Faria, que foi presidente municipal do PSDB e continua filiado, mas hoje é coordenador político da pré-campanha da deputada e trabalha pela coligação.

"O que eu tenho procurado sempre é ajudar para que possamos estar juntos, o PSB e o PSDB. Agora, é necessário respeitar a decisão deles", afirmou Alckmin, elencando elogios ao antigo partido.

"O PSDB tem ótimos quadros e muitos serviços prestados. Em nível municipal, teve bons prefeitos, em nível estadual, sete mandatos e, em nível nacional, é inegável que o Brasil mudou depois do Plano Real. Aprendemos a controlar a inflação, enfim, teve uma mudança importantíssima."

Embora evite se envolver nas conversas partidárias, Alckmin tem sido informado sobre o andamento delas. Ele deixou a sigla descontente, após desgastes relacionados sobretudo ao então governador João Doria, a quem se atribuiu sabotagem aos planos presidenciais do ex-padrinho.

Aliados de longa data acompanharam o ex-governador na ida para o PSB, uma transferência pensada para ele concorrer em 2022 como vice de Lula, até então seu adversário.

Nesse grupo estão Floriano Pesaro, que foi secretário estadual em São Paulo e hoje é diretor da Apex (agência federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ocupado por Alckmin), e o ex-deputado federal Silvio Torres, que igualmente trabalhou no governo estadual e agora está na Apex como assessor especial.

Os dois alckmistas participaram do evento para anunciar os coordenadores dos grupos temáticos que discutirão as propostas da deputada, no início deste mês.

O ato teve ares de reencontro de Alckmin com antigos conhecidos, já que na equipe estão outros ex-auxiliares dele no governo paulista.

Ao menos 18 técnicos e especialistas convidados para a iniciativa têm ligação com o PSDB e com gestões do partido, o que corresponde a 48% do total de conselheiros, segundo levantamento da Folha. Dez pessoas da lista foram subordinadas a Alckmin na máquina estadual.

Ao discursar, diante dos especialistas de diferentes áreas, ele disse estar "matando a saudade da 'tchurma'". Alckmin também falou que Tabata agregou "um pessoal craque", "um time superanimado para contribuir com a cidade" em diferentes áreas.

A relação completa de colaboradores foi submetida ao crivo do vice-presidente. Tabata diz que as indicações dele contaram, mas também pesou o histórico dos políticos e técnicos. Ela afirmou que, ao sondar possíveis colaboradores, notou que vários tinham passagem por governos do PSDB.

Pesaro, que foi secretário de Desenvolvimento Social, comanda o grupo que formulará propostas para a cracolândia. Eloisa Arruda, ex-titular da pasta de Justiça, ficou responsável por imigrantes. Benedito Braga, ex-secretário de Recursos Hídricos, trata de saneamento e combate a enchentes.

O vice também referendou a escolha de Leandro Piquet Carneiro para o capítulo sobre segurança pública. O economista cuidou da temática no programa da candidatura presidencial de Alckmin em 2018.

Segundo aliados da deputada, o vice-presidente ajuda a atrair figuras do setor público e aciona sua rede de contatos em busca de respaldo a Tabata. Há relatos de que antigos cabos eleitorais têm procurado o comitê dela, por indicação de Alckmin, dispostos a fazer campanha nos territórios.

A negociação de Tabata com o PSDB está travada diante da fragmentação que atinge a legenda após as sucessivas derrotas em anos recentes, especialmente em São Paulo, seu berço.

O entorno da pré-candidata avalia que, mesmo se Datena for lançado pré-candidato, a possibilidade de composição não está descartada. Ela mantém a promessa de que a vaga de vice é do apresentador, se ele quiser, ou de outro nome que os tucanos indicarem, caso formem uma coligação.

O PSDB é o 11º partido de Datena, que já desistiu de concorrer na última hora em quatro eleições e, por isso, inspira pouca confiança no universo político.

Outra ala do PSDB defende o apoio à reeleição de Nunes, que herdou a cadeira com a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021 e diz fazer uma gestão de continuidade —o que é contestado por parte do tucanato e inclusive por Tabata, uma crítica dura da atual administração da capital.

A aproximação com o PSDB é vista como positiva por Tabata não só pela afinidade com quadros técnicos ligados ao partido, mas também pela vontade de dialogar com o eleitorado que votou na legenda em eleições passadas e está resistente a embarcar nas outras alternativas.

À reportagem Alckmin disse que a candidatura da deputada, que está em terceiro lugar na pesquisa Datafolha, com 8%, atrás de Boulos (30%) e Nunes (29%), "é uma contribuição importante à cidade".

"É uma menina de grande valor, paulistana da Vila Missionária, de família muito humilde, que com mérito próprio, através da educação, conseguiu se graduar em Harvard", afirmou.

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