Maria do Rosário diz em sabatina Folha/UOL querer afastar polarização com Bolsonaro em Porto Alegre

'Não posso me dar ao luxo de debater com extrema direita, que trabalha para a paralisia', diz pré-candidata do PT à prefeitura

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Curitiba

Pré-candidata à Prefeitura de Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário (PT) afirmou nesta sexta-feira (28) durante sabatina Folha/UOL que a "extrema direita trabalha pela paralisia" e que ela pretende afastar a polarização com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro.

"Eu escolhi não fazer o processo eleitoral focada no que nos divide. Aqui não vai ser este contra aquele. Não posso me dar ao luxo de ficar debatendo com a extrema direita. Eles trabalham com a política do ódio. Nós não podemos ficar paralisados com este discurso repetitivo", disse ela, para quem o bolsonarismo "é uma chaga".

"Não é que não exista polarização. É que eu não pretendo embarcar nela, como reducionismo. Porque eu penso que a cidade precisa de políticas de gestão de verdade, retomar o desenvolvimento de verdade, um projeto de planejamento de verdade. A cidade está precisando de mais verdade", declarou ela.

Alvo de ataques do ex-presidente quando ele era deputado, Maria do Rosário disse que Bolsonaro é "página virada" e que "não é este senhor que vai me tirar do foco".

"Sofri ataques muito fortes. Mas não vesti a roupa de vítima. Prefiro a superação", disse a deputada.

Também negou que seu voto contra a "saidinha dos presos", contrariando a posição do PT e do governo Lula, tenha sido um aceno ao eleitorado bolsonarista. "Decidi votar com o sentimento da minha cidade", disse ela, acrescentando ter avaliado que "dois aspectos estavam preservados, o direito a estudar e a trabalhar".

Sobre as alianças que constrói em torno da sua pré-candidatura, Maria do Rosário reforçou o apoio do PSOL e do PCdoB neste ano, ao contrário do que ocorreu na disputa de 2008, quando Rosário saiu derrotada na corrida à Prefeitura.

Naquele ano, PSOL e PCdoB lançaram candidaturas próprias, com Luciana Genro e Manuela D’Ávila, respectivamente.

Questionada sobre a ausência de partidos como PDT e PSB, Rosário disse que as alianças ainda não estão fechadas e que "é muito cedo" para se falar em um cenário definitivo. "Tenho esperança que outros partidos se somem com a gente", afirmou ela.

A deputada afirmou ainda que o Rio Grande do Sul e a capital gaúcha vivem "um momento muito difícil", em referência à tragédia causada pelas chuvas, e que, para superar, é importante "focar nas questões locais".

Durante a sabatina, ela fez críticas à atual gestão, do pré-candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB). Segundo ela, o prefeito tem dificuldade em articular parcerias com os governos estadual e federal e com administrações de cidades da região.

Ela também apontou falhas da atual gestão na prevenção enchentes. "O sistema de proteção é robusto, mas precisava de manutenção, desde as borrachas nas comportas até as casas de bomba", afirmou ela, ao reforçar que é contra a privatização do DMAE, a autarquia municipal responsável pelo serviço de água e esgoto.

"A administração municipal não tinha nem consciência de como estavam as bombas. Vamos recuperar todo o sistema de proteção, que não teve manutenção adequada, e ampliar", disse ela.

Ela também citou "dificuldades que a prefeitura teve de fazer cadastros das famílias" para que elas pudessem receber auxílio após as enchentes.

Sobre ideias para a cidade, ela defendeu o passe livre para estudantes no transporte público e acrescentou que vai colocar em debate as propostas que tratam da tarifa zero para toda a população. "Teoricamente, sou muito favorável. Mas certamente que esse é um processo complexo e precisa ser analisado na prática", afirmou ela.

Rosário também falou sobre temas polêmicos em debate no país. Sobre aborto, respondeu que é "a favor da legislação como se encontra hoje".

Questionada sobre se era a favor ou contra a descriminalização da maconha, respondeu que ser a favor da decisão do STF, que adotou a medida em relação ao porte da droga.

Rosário disse ser "totalmente a favor" do uso de câmeras em uniformes de agentes da segurança pública. Sobre posse e porte de armas para cidadãos comuns, a pré-candidata disse ser contra, mas defendeu exceções, como para "pessoas que moram em regiões remotas". Também se opôs ao modelo de escolas cívico-militares.

A pré-candidata foi entrevistada dentro do ciclo de sabatinas promovido por Folha e UOL. Fabíola Cidral conduziu a sabatina, com participação dos jornalistas Graciliano Rocha, do UOL, e Carlos Villela, correspondente da Folha na capital gaúcha.

A imagem mostra Maria do Rosário, uma mulher de cabelos loiros e óculos, vestindo um casaco vermelho, falando ao microfone. Ela está em pé atrás de um púlpito transparente, com um fundo azul escuro.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) em cerimônia na Câmara dos Deputados, em Brasília - Billy Boss - 23.mai.23/Câmara dos Deputados

Maria do Rosário é professora, pedagoga de formação e deputada federal por seis mandatos, eleita em 2002. Foi ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência no governo de Dilma Rousseff (PT).

Além dela, outros dois postulantes foram convidados. Na quinta-feira (27), no mesmo horário, foi a vez do deputado estadual Thiago Duarte (União Brasil). O prefeito Sebastião Melo (MDB) foi chamado, mas optou por não comparecer.

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte, há duas semanas. Na última semana, foi a vez de Salvador. Depois, haverá outras com pré-candidatos de mais 15 cidades.

Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

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